"Castro Alves é um dos principais poetas brasileiros. Nasceu na cidade de Curralinho, que hoje leva o seu nome, e morrreu em Salvador - 1847-1871. O verdadeiro nome deste bardo é Antônio Frederico de Castro Alves, que cunhou em seu fazer literário uma tônica bastante libertária. Mas também cantou o amor, as coisas do erotismo, suas paixões e fraquezas.
Por vezes, indignado, parece duvidar da existência de Deus, atrevido e audacioso. Espelhou sua época, a pujança da juventude inconformada com as diatribes do cotidiano e a inoperância das divindades em resolver os problemas cruciais que afligiam seu tempo.
Como ninguém cantou a dor dos escravos. Seus versos nos dão uma idéia da voracidade com que Castro Alves criticou a política vigente. Pode-se afirmar, sem sombra de dúvida, que sua arte é revolucionária, é política e não há aí nenhum desdouro, pois o homem é um animal político inserido num contexto e do qual não pode fugir de forma "apolítica", visto que, muitas vezes, tal expressão denota "conivência".
Sua poesia é também afro-brasileira, isto é, poesia brasileira de temática escravista, ou, se preferirem, abolicionista. Claro, lógico e evidente que estamos tratando, neste caso, do seu período de lutas em prol do negro escravo, da liberdade para todos. Sob este prisma, a figura do baiano de Curralinho é importante, na medida em que resgata para a nossa história literária a presença da escravidão (de triste memória, frise-se) e convém lembrar que o Brasil foi o último país a abolir a escravidão do braço africano, ou seja, as riquezas que por aqui se produziram muito deveram ao braço negro, e com aguda percepção Castro Alves colocou isso no papel.
Percebe-se, claramente, que com o seu ideal de transformação ele colocou-se no papel do serviçal africano que é raptado de sua região natal e transportado sob forma animal, a bem de uma pequena classe dominante. É de fato dantesca a descrição dos porões negreiros, é de fato atordoante o lamento que se depreende em "Vozes d'África". Sem forças, o homem critica a divindade. Entretanto, para o bem de todos, ele afirma que não se pode esperar mais, é preciso marchar, parar aquilo que nos despedaça, interna e externamente, e assim partir para a liberdade, sem ufanismos, mas com realidade e também como sonhos."
(Antonio Carlos Rocha in "Literatura Básica e Exercícios de Português para o Ensino do Segundo Grau", Editora Vozes, 1985, págs. 30 a 37).
sábado, 29 de setembro de 2007
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