“O papel do crítico contemporâneo é, portanto, tradicional. A questão fundamental do presente ensaio é recordar à crítica sua função tradicional, e não inventar para ela alguma nova função que esteja na moda. Para uma nova geração de críticos da sociedade ocidental, “literatura inglesa” é hoje um rótulo herdado para designar um campo dentro do qual se congregam muitas preocupações distintas: semiótica, psicanálise, estudos cinematográficos, teoria cultural, representatividade sexual, textos populares e, sem dúvida, a convencional apresentação dos textos mais antigos. Essas atividades não mantêm entre si nenhuma relação óbvia, a não ser a preocupação com os processos simbólicos da vida social e com a produção social de formas de subjetividade. Em termos da história cultural, os críticos que vêem essa busca como modernosa e novidadeira estão equivocados. Elas representam uma versão contemporânea dos temas mais caros à crítica, antes que esta fosse levada à pobreza do chamado “cânone literário”. Além disso, podemos argumentar que essa indagação poderia contribuir, ainda que modestamente, para nossa sobrevivência. Afinal, fica cada vez mais claro que, sem uma compreensão mais profunda desses processos simbólicos, através dos quais o poder político é exercido, reforçado, rechaçado e, às vezes, subvertido, seremos incapazes de resolver as mais letais lutas pelo poder com as quais nos defrontamos atualmente. A crítica moderna nasceu de uma luta contra o Estado absolutista; a menos que seu futuro se defina agora como uma luta contra o Estado burguês, é possível que não lhe esteja reservado futuro algum“.
- A função da crítica, de Terry Eagleton, São Paulo, Martins Fontes, 1991, p. 115 e 116.
segunda-feira, 21 de janeiro de 2008
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