Antonio Carlos Rocha*
Para gáudio
Dos olhos meus
As minissaias
Voltaram
E hoje,
As moçoilas em flor
Não mais
Raspam as coxinhas
Deixando-as felpudinhas
Tal e qual
A protuberante semente
Que brota
Entre as mesmas.
Antigamente,
As calcinhas
Eram de cores fortes
Hoje, porém,
Transparentes, furadinhas
Diminutas
Até inexistentes
Alegrarão meus
Míopes e fotofóbicos
Olhos.
As adultas
Esmeram-se, à moda antiga
Em insinuar
Sob vestidos longos e translúcidos
Suas balzaquianas ancas
- Ainda bem que aboliram as anáguas !
As de meia-idade
Oriundas do colonialismo
Apertam-se em calças justas
Querendo dar forma
Ao que não precisa de forma
Pois já é a própria forma.
E por favor,
Não me venham
Com interpretações,
Acabo de vislumbrar
Meu costumeiro
Colírio.
(*) O autor participou, no Rio de Janeiro, anos 1980, representando o Estado de Pernambuco, sua terra natal, do Movimento de Poesia Pornô - Pornopoema. Na “direção” do movimento estavam os consagrados poetas Eduardo Kac e Kairo Assis Trindade.
- a poesia acima foi publicada nas páginas 75 e 76 da revista Aió, nº 2, abril de 1984. O fundador e editor da citada revista é o também consagrado escritor e professor Rogel Samuel.
domingo, 8 de março de 2009
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