sábado, 30 de maio de 2009

Caminhocracia

Diariamente leio abalizados colunistas e, vez por outra, escrevem que não há democracia perfeita, tem as suas falhas, mas é o melhor dos regimes.

Lembro que na saudosa Faculdade de Letras da UFRJ, ali na antiga Avenida Chile, no centro do Rio, onde hoje estão construindo dois imponentes prédios, a professora de Grego nos esclarecia que, nascida na Grécia, a democracia admitia a existência de escravos.

Dito e feito, até hoje, temos, em qualquer parte do mundo, um país escravizando o outro econômica ou politicamente. Os governos escravizando os seus súditos, digo eleitores das mais diversas formas, ou seja, formas contemporâneas de escravidão.

Em pleno Terceiro Milênio estamos então lançando a Caminhocracia, cujo lema são os belos versos do poeta espanhol Antonio Machado (1875-1939) “Caminhante, não há caminho, o Caminho se faz ao caminhar”.

Penso que vai ser bem mais salutar, sa-lutar. Lutaremos todos, pacificamente, saudavelmente, para construirmos o Caminho necessário para se evitar as tais falhas que a democracia tem até hoje.

E a mudança, começamos logo, pela sala de visitas, criativamente criando o neologismo Caminhocracia, até porque, o caminhão da transportadora, digo transmutadora já está lá na porta esperando.

Contudo, se algum(a) humorista quiser aprimorar a Carinhocracia, também está criado o neologismo.

quinta-feira, 28 de maio de 2009

Arvorania - Cidadania das Árvores

Árvores são pessoas, do reino vegetal. Existem pessoas do reino mineral, pessoas do reino animal racional e pessoas do reino animal irracional.

Foi o antropocentrismo que inventou que o homem é o centro do universo. E com isso o homem ignorou a mulher, ao longo dos séculos. Foi preciso chegar o feminismo, só no século XX para começar a restaurar as coisas.

O antropocentrismo também inventou guerras, bomba atômica, poluição, devastação das florestas, exploração econômica, política e social de um grupo sobre o outro, de um país contra outro e lamentáveis tragédias atuais.

O antropocentrismo também inventou, entre suas mazelas, o racismo; e na época da escravidão afirmavam que os índios e os negros não tinham alma.

Agora, surge na Escócia um movimento ecológico onde as pessoas falam e conversam com as árvores. Na Tailândia, praticantes budistas vestem as árvores com os mantos dos monges e as reverenciam como se fossem iluminadas, e de fato são.

Mas isso não é novidade, desde os anos 1970, a Literatura Brasileira tem um ótimo livro chamado “O Meu Pé de Laranja Lima”, de José Mauro de Vasconcelos, onde um menino conversa com a cítrica árvore. Diga-se de passagem que a equivocada e elitista crítica ignorou, solenemente, este grande autor.

Na civilização das árvores, que está em extinção, nunca houve violência.

Pode-se argumentar que não há lógica, pois a civilização consiste no realizar, no fazer, no transformar humano. Ora, Antropocentrismo e Lógica formam um casal poluidor. Ainda bem que os filhos: lógica contemporânea, não-lógica, qual-lógica, lógica de quem, lógica para quem começam a questionar.

É da Escócia também, que vem o excelente O Chamado das Árvores, de Dorothy Maclean, editora Irdin, 168 páginas. A sexagenária autora conversa, ouve, medita e reza com as árvores.

Também não é novidade, desde o século VI antes de Cristo, o Buda, em seus mais antigos pronunciamentos também conversava, meditava e ensinava não só ao reino vegetal, como aos espíritos que moram nas árvores.

Mas é bem provável que o citado casal: Antropocentrismo e Lógica, julgue tudo isso, ficção, algo que só existe no maravilhoso Reino da Literatura.

sábado, 16 de maio de 2009

O Binóculo

Li hoje, na edição on line, da revista Época, que o Pentágono americano (esclareço a nacionalidade, pois na Cidade Maravilhosa há um colégio de ensino médio de mesmo nome, que talvez não tenha nada a ver com a instituição que fica nos EUA, mas sim com a figura que aprendemos em geometria) está investindo uma fortuna, aos meus olhos, para inventarem um binóculo capaz de ler os pensamentos do inimigo, do adversário ou coisa que o valha.

Como os meus pensamentos andam a mil, já estou imaginando a invenção dando certo e propagando-se pelo planeta: os camelôs vendendo na esquina, homens e mulheres se olhando mutuamente nos transportes públicos, cada um descobrindo os pensamentos dos outros, a China produzindo o referido em massa e inundando os mercados mundiais, os eleitores olhando os políticos com este binóculo, enfim, maravilha das transparências !

As polícias esclareceriam rapidamente os crimes e a justiça seria bem mais rápida. A criminalidade iria diminuir bastante: as vítimas já perceberiam no inconsciente ou subconsciente dos seus candidatos a algozes, as tentativas de crimes, e sairiam correndo, ou desviariam do sujeito, enfim, um mundo de paz estaria próximo.

Brincadeiras a parte, torço mesmo, com toda sinceridade pelo sucesso do invento, visto que, mais uma vez, a ciência estaria ou melhor, estará confirmando as sábias palavras do meu querido e dileto amigo Buda, quando, no século VI antes de Cristo, afirmou que tudo, nasce primeiro na mente.

Proponho até, já um nome para este importante objeto: Budóculo. Claro, mistura de binóculo com Buda. Ou se preferirem, o olho de Buda, ou então Terceira Visão Portátil.

E tal como os celulares, relógios de pulso etc. Cada um teria ou terá o seu Ajna Chacra (o nome em sânscrito da Terceira Visão) personalizado.

E viva o futuro ! Pode parecer tolice mas, os meus saltitantes pensamentos estão gostando do tema.

quarta-feira, 6 de maio de 2009

A Arte da Gravura

A artista plástica Heloisa Pires Ferreira, suas gravuras, sua vida dedicada à arte, ao longo dos últimos 50 anos, e seus bordados foram tema do mais recente número da importante revista acadêmica publicada pela USP – Universidade de São Paulo, trata-se da edição 48, março de 2009, Revista do Instituto de Estudos Brasileiros.

São 30 páginas e mais 20 fotografias coloridas de trabalhos da citada artista organizadas pelos professores doutores Leon Kossovitch e Mayra Laudanna.

Palavras chave: artes, estética, gravura, bordado, linguagem.

Resumo: Apresenta-se aqui, a obra e a linguagem de Heloisa Pires Ferreira a partir de suas gravuras e tecidos, assim como de diversas entrevistas concedidas pela artista.

A aluna da USP, Paula Galasso, em sua monografia, no final da graduação, enfocou a vida e a obra da referida artista.

Em 2003, o livro Convite à Filosofia, de Marilena Chauí, editora Ática, teve como capa uma gravura da artista. Na página 110, ao falar de Silogismo, o texto é ilustrado novamente com a gravura e a legenda: “Sol negro, de 1978, gravura de Heloisa Pires Ferreira que serve como exemplo visual de silogismo: o quadrado externo seria a premissa maior, e o círculo negro, a premissa menor. No centro, a conclusão”.