Uma Estória do bairro de Santa
Teresa
Era uma vez, alguns maus engenheiros florestais que se
sentiam muito importantes por terem estudado bastante nos livros sobre a sua
profissão. Eles não gostavam de ouvir os
homens e mulheres que não tinham estudado o que eles estudaram, mas que sempre estudaram
como plantar, ouvir a terra, o vento, o sol, a lua e o ar.
Havia uma grande árvore centenária, moradora de uma linda
pracinha, que estavam sofrendo, a árvore e a pracinha, por abandono ou outro
motivo, – já que existiam pensamentos contraditórios sobre a questão.
Certa feita, uma grande artista (atriz, doceira), sua
vizinha, chamada Tânia Scher*, resolveu adotar a árvore. Passou a plantar em torno da amendoeira,
plantinhas para que ela ficasse mais feliz. Reparou que a terra já era muito
sofrida e as plantas não cresciam. Tânia não tinha carro e era difícil trazer a
terra, cuidar do local. Já idosa, depois de muito sofrimento, para ambas, a
atriz veio a falecer. Todo o seu esforço não deu em nada. A árvore, logo
depois, também morreu.
Os anos se passaram, moradores que também sofriam muito com
a falta da árvore, começaram a cuidar do solo, para que pudesse receber, com
carinho, uma nova muda de árvore, uma nova moradora, uma nova vizinha e que
enfeitaria o charmoso Largo do França.
Infelizmente, começou uma grande briga, devido ao ego e
vaidade dos seres humanos, briga que se arrasta há anos, por causa da raiz da antiga
e centenária árvore.
Os maus engenheiros disseram que tinham que destocar as
raízes da falecida. As pessoas que
estudam a Vida, de forma mais natural, disseram que se plantassem aipim, mamão,
abóbora, café, taioba e outras plantinhas mais, como feijão e girassol, o solo
se recuperaria inteiramente absorvendo os nutrientes da grande mãe raiz, que
estando morta, renasceria adubando o solo.
Os anos correram e isso aconteceu. As plantinhas cresceram, provando que aquele solo já está
pronto para receber bela muda da Mata Atlântica.
Aguardamos felizes a nova moradora do reino vegetal. Seja bem-vinda
futura vizinha ! ...
Heloisa Pires Ferreira e Antonio Carlos Rocha
Santa Teresa, RJ, 27/04/2013.
(*) Com este conto, queremos homenagear a memória de nossa
querida Tânia Scher.
(**) Direitos autorais reservados.
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