quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Crônica



O Menino Guia


Vez por outra, presencio atitudes de que me fazem contemplar a beleza dos seres humanos.

Hoje, por volta das 13:30 horas, foi uma delas, ali, na Praça do Pacificador, Centro de Duque de Caxias, Baixada Fluminense.

Vi um casal de idosos, ambos cegos (deficientes visuais) com suas respectivas varinhas mágicas tocando o chão das ruas e calçadas.

O senhor apoiava a mão no ombro da senhora e ela segurava a mão de um menino; pela altura deveria ter uns 4 ou 5 anos.

A criança conduzia o casal com seriedade. Parecia estar trabalhando, consciente da importância do que realizava. Atravessou a rua com firmeza e segurança, na calçada procurava os melhores lugares, desviando do fluxo de pessoas.

Olhei bem para o rosto do menino. Podia ser filho ou neto do casal. Não importa o grau de parentesco, o que importa era o “ar” de responsabilidade como ele conduzia os idosos.

Então lembrei dos ensinamentos do Buddha. Somos eternamente gratos aos nossos pais e antepassados, não temos como pagar esta dívida. E antepassado não é só a família consangüínea, um vizinho pode ser antepassado, um professor pode ser ancestral, enfim, todo o ecossistema.

Lembrei também do outro ensinamento do Zen-Budismo: “Um dia sem trabalho, um dia sem comida”. Todos devem trabalhar, por mais simples que seja a atividade, o Darma recomenda a sabedoria do trabalho, da atenção na ocupação, não importa a idade, arrumar um quarto, lavar uma louça, varrer uma sala (não estamos falando de trabalho escravo de menores, entendam o sentido filosófico que estou colocando no texto).

E este menino, em sua seriedade de propósito, me fez acreditar, mais uma vez, que um dia, não importa quando... a espécie humana vai melhorar e respeitar o próximo.



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