“A influência de Heidegger estende-se até ao Japão, país que, desde 1951, possui em Tóquio a Jaspers-Gesellschaft, Associação de Investigação do Existencialismo. Este facto é significativo: a filosofia heideggeriana, orientada para o Ser, este abismo de gratuidade, raiz última do real, apresenta, tanto na sua inspiração como na sua consumação, uma singular afinidade com o Zen. Sem dúvida que não há, segundo Heidegger, filosofia senão no Ocidente. Mas a tese de consumação da metafísica ocidental não vira, definitivamente, esta idéia contra si própria? O Ocidente é a terra do entardecer (Abend-land), onde o pensamento calculador e dominador triunfa sobre o pensamento contemplativo e meditativo. Não será necessário olhar para o Oriente, para esta filosofia que não o é, para reaprender o próprio sentido da filosofia? A meditação oriental do Nada é o horizonte esquecido do pensamento ocidental do ser. Deixemos esta última palavra ao filósofo japonês que, no diálogo Aus dem Gespraech von der Sprache, comenta um texto de Hegel:
“Espanta-nos ainda hoje pelo facto de os europeus poderem equivocar-se ao interpretar de maneira niilista o Nada de que se trata na exposição designada. Para nós, o vazio é o nome mais elevado para aquilo que vós designaríeis naturalmente pela palavra: Ser”.
- os dois parágrafos acima estão no livro O Pensamento de Martin Heidegger, de Jean-Paul Resweber, Livraria Almedina, Coimbra, 1979, página 192.
sábado, 5 de dezembro de 2009
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