segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Ateísmo Budista



Como tudo na vida, o ateísmo é plural. Existem várias correntes.

Isso me faz lembrar da grande e saudosa escritora, Zélia Gattai, esposa do também ótimo escritor Jorge Amado, quando escreveu “Anarquistas Graças a Deus”.

Da mesma forma, o anarquismo abrange diversas correntes, uma delas, o Zen-Budismo que é um método anarquista religioso.

Agora, a editora Pensamento acaba de lançar “Confissões de um Ateu Budista”, de Stephen Batchelor, 352 páginas, e eu agradeço aqui ao meu querido amigo budista de SP, Carlos Alberto, que me avisou da novidade. E, há anos, me informa sempre de magníficos livros.

O autor nasceu na Escócia, foi hippie, andarilho pelo mundo, depois virou lama do budismo tibetano, ordenou-se em seguida monge zen-budista. Por fim, tirou os mantos, é hoje um leigo, professor de Filosofia Budista e reside no sudoeste da França.

De formação ocidental, conta, teve dificuldade em acreditar e aceitar o imaginário popular budista, isto é, as crenças que o povão, a massa budista pratica na Ásia, imaginário este eivado de animismo e rituais que lembram os espiritualistas, esoteristas, espíritas, kardecistas e umbandistas com os princípios de renascimento e/ou reencarnanação, energias e outros mais.

Optou então pela Filosofia, algo que muitos chamam de Budismo Acadêmico, estudado nas universidades.

Batchelor também é autor de “Budismo sem Crenças”, editora Palas Athena, 162 páginas. Obra que enfatiza a interface entre o Budismo e o Ceticismo moderno.

O assunto é antigo: o alemão Helmut Von Glasenapp, publicou em 1974, “El Budismo una Religion sin Dios”, por editores Barral, Barcelona, 166 páginas.

E o teólogo católico espanhol, Raimon Panikkar, editou pelas ediciones Siruela, de Madrid, “El Silencio del Buddha – una Introducción al Ateísmo Religioso”, 424 páginas.

Portanto, o ateísmo, o ceticismo e o agnosticismo estão presentes dentro e fora das religiões.

É bom lembrar que, de acordo com o último censo do IBGE, o maior contingente de pessoas que cresce, é o número dos que se dizem ateus, agnósticos e céticos... mas... de qual linhagem?

Ou como escreveu o pensador italiano, Norberto Bobbio (1909-2004): “Qual socialismo ?”

Podemos aplicar a pergunta acima em todas as instâncias da vida. Fato, aliás, recomendado pelo próprio Buda, no século VI, antes da era comum, também conhecida como antes de Cristo.

 

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Literatura Cátara



“Amigos de Deus”

O movimento Cátaro tem origem nos primórdios do Cristianismo, só reconheciam e aceitavam o Novo Testamento, como livro básico, principalmente o Evangelho de João. A interpretação que fazem das Escrituras é bem original: não crêem no Juízo Final, nem na Ressurreição de Jesus. A salvação se obtém mediante a transformação interior de cada praticante. Neste sentido os Espiritualistas contemporâneos se aproximam do Catarismo. Não têm a paixão redentora de converterem outros “ímpios”, “pagãos” que não professam a fé que eles cultivavam. Cada um na sua respeitando os outros. Não tinham dogmas, uma linhagem que se espalhou por várias cidades da Europa, mormente França, onde até hoje existem ruínas da cidades, povoados e lugarejos cátaros. Os reflexos podem ser vistos até na Bulgária, Turquia, Inglaterra, Itália etc. Mas, com toda essa “liberdade” ameaçavam os poderosos da época e entre os séculos X e XV foram sumariamente executados. As cruzadas mataram todos os cátaros.

Quem afirma é o especialista no assunto Michel Roquebert, no livro La Religión Cátara, Editions Loubatieres, Toulouse, 1990. Estudiosos afirmam que sofreram influência do Gnosticismo, esoterismo e há quem diga que são precursores dos espíritas e kardecistas atuais.

Michel declara que há um equívoco na tradução do grego katharos, muitos pensam e falam em “puros”, esta, na verdade, era a forma irônica que o sistema da época os chamavam e por isso os exterminaram. Roquebert vai além, cita várias fontes e escreve que chamar os Cátaros de puros é “infamante”, pois eles eram simples, tinham consciência da imperfeição humana e a melhor tradução é como eles se auto-identificavam: “Amigos de Deus”.

Os cátaros não professam a Santíssima Trindade, afirmam que Jesus era um mensageiro, e não Deus, como conhecemos hoje, popularmente. Cristo não veio para morrer na cruz, não há esta missão redentora. Não existe isso de redimir os pecados com o sangue derramado no madeiro. Para os cátaros, Jesus foi um Mestre, um professor, o “Pai Espiritual” de uma corrente de filosofia de vida e não o Deus Criador.

Mesmo o Novo Testamento, algumas partes, eles questionam a autenticidade. Os cátaros vêem na Cruz um instrumento de suplício e assim não há veneram. Dizem que Jesus foi crucificado, mas não morreu na cruz, neste item aproxima-se de muitos budistas, maçons, esotéricos que afirmam o mesmo.

Eis uma pergunta cátara: “Se tivessem enforcado o seu pai, você iria adorar, reverenciar e tornar sagrada a corda que o estrangulou?”

O batismo era espiritual, sem água, com imposição de mãos, como se fosse uma passe espírita.

No final há uma boa bibliografia pra quem desejar os conhecimento desta bonita Fé.

Modernamente os cátaros estão aos poucos ressurgindo, renascendo, reencarnando, através de praticantes solitários, pesquisadores e na França existe o Centro de Estudos Cátaros.

Michel afirma que a Fé Cátara: “Era a mensagem de amor mais bonita que se conheceu no Ocidente, desde os tempos apostólicos”.

sábado, 6 de outubro de 2012

Gramática em Versos



Gramática e Cordel

“Lições de Gramática em Versos de Cordel”, lançado pela editora Vozes, já está em terceira edição, são 118 páginas de alegria, contentamento e prazer de uma ótima e básica leitura.

O autor, Janduhi Dantas, é professor de Língua Portuguesa na cidade de Patos, na Paraíba, e especialista em Literatura de Cordel.

A jornalista e pesquisadora Maria Alice Amorim, sobre esta magnífica obra afirma:

“ (...) aquelas regrinhas gramaticais que às vezes nos escapam e nos fazem escorregar nos labirintos da “última flor do Lácio, inculta e bela” comparecem todas, no inestimável serviço que Janduhi Dantas presta a iniciantes e iniciados na Língua Portuguesa (...) escrito à moda tradicional de folheto, em sextilhas metrificadas e rimadas”.

Nilton José Dantas Wanderley, Secretário de Educação no município de Matureia, PB, diz:

“Lições de gramática em versos de cordel” é um achado para alunos e professores que trabalham com o Ensino de Jovens e Adultos (EJA), para o público do Ensino Médio, do Ensino Fundamental, enfim, para todos aqueles que se interessam pela Língua Portuguesa, iniciados ou não”.

Recomendam os cânones das Resenhas, que as mesmas devem ser imparciais... ora, este nosso blog afirma o contrário: elogiar os livros elogiáveis e este é um deles.