Como tudo na vida, o
ateísmo é plural. Existem várias correntes.
Isso me faz lembrar da
grande e saudosa escritora, Zélia Gattai, esposa do também ótimo escritor Jorge
Amado, quando escreveu “Anarquistas Graças a Deus”.
Da mesma forma, o
anarquismo abrange diversas correntes, uma delas, o Zen-Budismo que é um método
anarquista religioso.
Agora, a editora
Pensamento acaba de lançar “Confissões de um Ateu Budista”, de Stephen
Batchelor, 352 páginas, e eu agradeço aqui ao meu querido amigo budista de SP,
Carlos Alberto, que me avisou da novidade. E, há anos, me informa sempre de
magníficos livros.
O autor nasceu na
Escócia, foi hippie, andarilho pelo mundo, depois virou lama do budismo
tibetano, ordenou-se em seguida monge zen-budista. Por fim, tirou os mantos, é
hoje um leigo, professor de Filosofia Budista e reside no sudoeste da França.
De formação ocidental,
conta, teve dificuldade em acreditar e aceitar o imaginário popular budista,
isto é, as crenças que o povão, a massa budista pratica na Ásia, imaginário
este eivado de animismo e rituais que lembram os espiritualistas, esoteristas,
espíritas, kardecistas e umbandistas com os princípios de renascimento e/ou
reencarnanação, energias e outros mais.
Optou então pela
Filosofia, algo que muitos chamam de Budismo Acadêmico, estudado nas
universidades.
Batchelor também é
autor de “Budismo sem Crenças”, editora Palas Athena, 162 páginas. Obra que
enfatiza a interface entre o Budismo e o Ceticismo moderno.
O assunto é antigo: o
alemão Helmut Von Glasenapp, publicou em 1974, “El Budismo una Religion sin
Dios”, por editores Barral, Barcelona, 166 páginas.
E o teólogo católico
espanhol, Raimon Panikkar, editou pelas ediciones Siruela, de Madrid, “El
Silencio del Buddha – una Introducción al Ateísmo Religioso”, 424 páginas.
Portanto, o ateísmo, o
ceticismo e o agnosticismo estão presentes dentro e fora das religiões.
É bom lembrar que, de
acordo com o último censo do IBGE, o maior contingente de pessoas que cresce, é
o número dos que se dizem ateus, agnósticos e céticos... mas... de qual
linhagem?
Ou como escreveu o pensador
italiano, Norberto Bobbio (1909-2004): “Qual socialismo ?”
Podemos aplicar a
pergunta acima em todas as instâncias da vida. Fato, aliás, recomendado pelo
próprio Buda, no século VI, antes da era comum, também conhecida como antes de
Cristo.
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