sábado, 31 de janeiro de 2009

Vivências Literárias

Antonio Carlos Rocha*

Para quem quer se iniciar na arte de ler bem e escrever bem, sugiro um pequeno grande livro de bolso: Como Se Faz Literatura, de Affonso Romano de Sant’Anna. Apenas 58 páginas, publicadas pela Editora Vozes, em 1985.

O bom desta obra, é que o autor conta alguns detalhes da vida de consagrados autores nacionais e internacionais. Affonso Romano de Sant’Anna dispensa maiores apresentações, registre-se apenas que foi professor da UFMG e quando eu era aluno de graduação, no Rio, ele veio somar com o excelente time de professores que aportavam ali, na Faculdade de Letras da UFRJ, na antiga Avenida Chile.

Vejamos alguns trechos das páginas 39, 40 e 41:

“Jorge Amado publicou No País do Carnaval aos 19 anos e começou já aí a fazer sucesso. Pôde viver de literatura bem cedo. É evidente que ter pertencido ostensivamente ao partido comunista ajudou na divulgação de sua obra no exterior, o que, por outro lado, dificultou a sua circulação aqui dentro, pois vários de seus livros foram recolhidos e queimados pela polícia de Getúlio Vargas.

“Graciliano (também membro do antigo PCB) se tornou conhecido porque, como prefeito de Palmeira dos Índios, AL, fez um relatório que foi lido por Augusto Frederico Schmidt, que suspeitou ali um escritor. Mas Graciliano quando publicou Caetés, já tinha 41 anos. A primeira edição de Macunaíma, de Mário de Andrade, em 1928, foi de 800 exemplares e o primeiro livro de Drummond, Alguma Poesia (1930), quando ele tinha 28 anos, foi de 500 exemplares e numa edição particular”.

“(...) José Mauro de Vasconcelos (até hoje ainda mal interpretado pela crítica) há um fenômeno que mereceria mais atenção. No caso de José Mauro de Vasconcelos, há inclusive um dado complicador. Eu vi seus livros em diversas livrarias nos Estados Unidos, Alemanha, Argentina, França e Itália. Quer dizer: fazia sucesso em diversas línguas e culturas. Logo, deve ter ali algum tipo de mensagem que encontra eco num tipo específico de público, que é universal. No mínimo, isto significa que ele conseguiu sintonizar seus sentimentos escritos com uma faixa de sensibilidade determinada. Não me consta que tivesse atrás de si um agente literário tão eficiente como os best-sellers americanos”.

José Mauro de Vasconcelos não era badalado pelos intelectuais, pela mídia da época; morava em Bangu, subúrbio do Rio de Janeiro. Aliás, dos 4 aos 11 anos residi ali perto, primeiro no Barata, depois em Realengo, até que mudei para a cidade satélite do Gama, DF. Saudosos tempos...

(*) Antonio Carlos Rocha é escritor.

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Austregésilo de Athayde e o Budismo Nichiren

Antonio Carlos Rocha*

“Foi graças ao budismo que a busca da liberdade e da igualdade, assim como os esforços de lutas contra discriminações, se tornaram deveres a ser perseguidos por toda a humanidade. O budismo se transformou numa fonte inspiradora de forças para o idealismo” (Direitos Humanos no Século XXI, Austregésilo de Athayde e Daisaku Ikeda, Editora Record, página 74).

Em 1993, o presidente da linhagem budista Soka Gakai Internacional, Daisaku Ikeda, visitou o Rio de Janeiro. Austregésilo o esperava no Aeroporto Internacional do Galeão, havia duas horas. Sugeriram então, em função da idade, que o presidente da Academia Brasileira de Letras descansasse em uma sala mais confortável e ele respondeu:

“Esperei por Ikeda durante 94 anos. Não me custa nada aguardá-lo por mais duas horas”.

Daisaku Ikeda é membro correspondente da Academia Brasileira de Letras.

(fonte: Brasil Seikyo, semanário budista, nº 1966, 06/12/2008).

Antonio Carlos Rocha é escritor.

domingo, 25 de janeiro de 2009

Tratado Geral sobre a Fofoca

Antonio Carlos Rocha*

Publicado em 1978, pela Summus Editorial, o livro, com o título acima, é atualíssimo, principalmente em tempos de BBB. Autoria do famoso psicanalista José Ângelo Gaiarsa, ele junta ao longo das 238 páginas e muitas ilustrações, um pouco de “psicanálise, existencialismo, fenomenologia, bioenergética, biomecânica, psicologia social e biofeedback”.

O subtítulo é “uma análise da desconfiança humana” e então chegamos a conclusão que somos todos, os habitantes do planeta: fofoqueiros, conspiradores.

Mas ele sugere a solução, no capítulo 28, página 167: “A única defesa eficaz contra a fofoca é ir dizendo logo tudo sobre a vida da gente – para qualquer um – em qualquer lugar – a qualquer hora. É ir contando o que acontece com a gente como se a gente estivesse fazendo fofoca de si mesmo o tempo inteiro. Com isso a fofoca sobre a gente não pára – muito pelo contrário ! Mas a gente deixa de se incomodar com ela ! É que aí é tudo verdade”.

Ou como diria o Buda: “Ninguém no mundo escapa à crítica: são criticados os que ficam em silêncio, os que falam em excesso, ou os que falam com moderação. Não há, nunca houve e jamais haverá pessoal alguma totalmente livre de censuras, ou permanentemente louvada.” (página 41, Dhammapada, editora Pensamento, 1993, versículos 227 e 228).

Trocando em miúdos, como diz a sabedoria popular: relaxa !

Quem esquenta a cabeça é palito de fósforo e esse tem vida curta.

(*) Antonio Carlos Rocha é escritor.

sábado, 24 de janeiro de 2009

O pós-moderno e a bomba atômica

Antonio Carlos Rocha*

“Simbolicamente o pós-modernismo nasceu às 8 horas e 15 minutos do dia 6 de agosto de 1945, quando a bomba atômica fez boooom sobre Hiroxima. Ali a modernidade – equivalente à civilização industrial – encerrou seu capítulo no livro da História, ao superar seu poder criador pela força destruidora. Desde então, o Apocalipse ficou mais próximo.

“Historicamente o pós-modernismo foi gerado por volta de 1955, para vir à luz lá pelos anos 60. Nesse período, realizações decisivas irromperam na arte, na ciência e na sociedade. Perplexos, sociólogos americanos batizaram a época de pós-moderna, usando termo empregado pelo historiador Toynbee em 1947.”

O trecho acima está na página 20 do ótimo volume de bolso O Que é Pós-Moderno, de autoria do escritor e jornalista Jair Ferreira dos Santos, ed. Brasiliense, publicado em 1986 e conta, até hoje, com várias edições. É o nº 165 da consagrada coleção Primeiros Passos. O historiador britânico Arnold Toynbee, no final da vida, converteu-se ao Budismo Nichiren, através da linhagem Saka Gakkai.

Considerando que as duas bombas atômicas, lançadas pelos EUA, acabaram com tudo nas cidades japonesas de Hiroxima e Nagasaki, causando um verdadeiro holocausto, o pós-modernismo também vem questionando uma série de coisas e, como cita o autor, na página 108:

“Quanto a condição pós-moderna, aí o buraco é mais embaixo. Condição quer dizer: como é que as pessoas sentem e representam para si mesmas o mundo onde vivem. Ora, a condição pós-moderna é precisamente a dificuldade de sentir e representar o mundo onde se vive. A sensação é de irrealidade, com vazio e confusão. Só se fala em desencanto, desordem, descrença, deserto. É como se a lógica e a imaginação humana falhassem ao representar a realidade, e alguma coisa estivesse se esvaziando, zerando. Olhemos o quadro abaixo. Sacamos que o pós continha vários des (princípio esvaziador). Outros des poderiam ser apontados. Com que soma algébrica, com que resultado?

“Des – referencialização do Real, des – materialização da Economia, des – estetização da Arte, des – construção da Filosofia, des – politização da Sociedade, des – substancialização do Sujeito = a soma é ZERO”.

O pós-modernismo traz o seguinte epitáfio: aqui jaz o mundo.

(*) Antonio Carlos Rocha é escritor.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Gaza e Kalinga

Antonio Carlos Rocha*


No século III aC. existiu na Índia, um rei sanguinário chamado Asoka. Em sua corrida armamentista e conquistadora ele anexou e subjugou pela força os feudos e reinos da época, unificando o que, geograficamente, nós conhecemos por subcontinente indiano. Tal e qual o capitalismo mundial que hoje, domina pela força das armas e da economia todo o planeta, visto que, grande parte dos países orientam-se pela cartilha capitalista.

O último baluarte da sanha destruidora de Asoka foi a região de Kalinga, no episódio que ficou conhecido na História da Índia como a “Batalha de Kalinga”, onde, dizem os textos, ele eliminou 100 mil pessoas e fez prisioneiros mais de 150 mil habitantes.

Consta que após o “cessar-fogo”, ele foi visitar os campos de sua impressionante vitória e contemplou os corpos mutilados, dizimados, decapitados, decepados de crianças, mulheres, homens; os sobreviventes inválidos, paralíticos, paraplégicos etc. Enfim, ele vencera ! E não tinha mais ninguém que pudesse rivalizar com ele. Era o maioral, o bam-bam-bam ! (leia-se bang-bang-bang ! ).

Tal e qual o capitalismo vitorioso faz atualmente em qualquer parte do mundo: o capitalismo venceu pela força das armas, da economia, do desemprego, do desamparo, das filas nos hospitais públicos, dos salários irrisórios, das escolas carentes, dos transportes de massa ineficientes, dos remédios caros etc.

Como bem disse Jesus: “A César o que é de César ! ”. É um ato de sabedoria reconhecermos que o capitalismo venceu. Não sejamos mais suicidas. Os louros da vitória dos campos de Kalinga pertencem hoje ao capitalismo mundial.

Consta que, após saborear sua terrível vitória o rei Asoka arrependeu-se, não tinha mais com quem brigar. Converteu-se ao Budismo. Curiosamente, o capitalismo mundial hoje faz o mesmo. Não tendo mais adversários à altura começam a falar em esperança, escreva-se: e$perança por dia$ melhore$, para eles – claro !

Kalinga, ontem, Gaza hoje ! Amanhã... Que triste vitória capitalismo !

Sábio Jesus: “A César o que é de César ! “.

- dados históricos com base no Dicionário Budista, ed. Kier, Buenos Aires,1989.


(*) Antonio Carlos Rocha é escritor.

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Previsões Budistas

Antonio Carlos Rocha*

O líder budista Ryuho Okawa, fundador da ordem japonesa Ciência da Felicidade (www.kofuku-no-kagaku.or.jp ) em seu livro As Leis Douradas, ed. Best Seller, 2001, informa:

“Por volta de 2100 será possível conhecer outros mundos. A nova tendência será a viagem espacial...

“A água será produzida cientificamente, a partir de reações químicas entre o hidrogênio e o oxigênio...

“Outra invenção revolucionária do século XXII será um aparelho de comunicação com o Mundo Espiritual...

“Um evento marcante dessa era será o fato de que uma grande parte do continente norte-americano terá afundado no oceano. A área dos Estados Unidos ficará restrita a uma estreita península na linha da atual cordilheira formada pelas montanhas Rochosas. Embora prefira não mencionar a época exata em que isso ocorrerá, posso dizer que o processo será iniciado pela costa oeste do continente, ao redor de São Francisco e da Califórnia. Em seguida o mesmo ocorrerá na costa leste, ao redor de Nova York. A bacia do Mississipi será a terceira a afundar...

“O início do século XXIV será marcado por violentos movimentos tectônicos (...) Os Estados Unidos – a Atlântida moderna – afundarão para dar lugar a Atlântida original...

“É impossível prever exatamente o período em que Jesus irá renascer, mas deve ser por volta de 2400...

“O século XXVI assistirá a outra série de transformações. Haverá, inicialmente, a submersão de uma extensa área onde se localizam atualmente o Oriente Médio e o sul da África. O Oriente Médio terá passado por incessantes conflitos ao longo de centenas de anos...”.

- trechos das páginas159 a 169.

(*) Antonio Carlos Rocha é escritor.

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Gandhi e o Socialismo

Antonio Carlos Rocha*

Nunca a mensagem de Mahatma Gandhi foi tão atual e tão necessária. Sua vida é muito conhecida, parte dos seus pensamentos também. Mas, a reflexão que transcrevemos a seguir, até prova em contrário, pouca gente conhece:

“Quero um socialismo puro como um cristal. São precisos, portanto, meios puros como o cristal para consegui-lo. Meios impuros resultam num fim impuro. Não obteremos a igualdade entre o príncipe e o camponês cortando a cabeça do camponês. Cortar cabeças não pode equiparar quem dá trabalho a quem é assalariado...

“Só os socialistas, sinceros, não-violentos e puros de coração conseguirão instaurar uma sociedade socialista na Índia e no Mundo”.

O trecho acima está na página 199 do livro Mahatma Gandhi – o Apóstolo da Não-Violência, de Huberto Rohden, ed. Martin Claret, 2000.


(*) Antonio Carlos Rocha é escritor.

sábado, 17 de janeiro de 2009

O PSB e os frutos do Espírito Santo

Antonio Carlos Rocha*

Fundado em 1945, com o nome de Esquerda Democrática, já em 1947, adotava a sigla atual. Em 1965 foi extinto pela ditadura. Reencarnou em 1985, e entre outros grandes quadros podemos citar, na primeira fase, Francisco Julião, em Pernambuco, organizador das Ligas Camponesas, e João Teixeira, na Paraíba (do filme Cabra Marcado para Morrer). Na segunda o acadêmico Antonio Houaiss, o ex-governador de Pernambuco, Miguel Arraes e o jornalista Barbosa Lima Sobrinho. Há novos e ótimos nomes, mas fiquemos com estes históricos.

Penso que, na reorganização do Partido Socialista Brasileiro, vinte anos após o fechamento, aqueles que decidiram pelo símbolo da “Pomba da Paz”, do genial artista espanhol Picasso, estavam inspirados não apenas pelos ideais humanitários do socialismo, mas também pelos profundos significados que existem na Pomba da Paz, a Pomba do Espírito Santo, teologicamente falando. Certamente, este aspecto teológico, eles nem pensavam...

O mundo hoje precisa, urgentemente se equilibrar, nas mais diversas áreas, sob pena de mergulharmos todos na barbárie autodestruidora. E para que isso não se verifique sugerimos a proposta da Pomba da Paz.

No Evangelho de Mateus (3:16) o texto diz: “... e eis que se lhe abriram os céus, e viu o Espírito Santo de Deus descendo como pomba e vindo sobre ele”.

A pomba é o símbolo que veio anunciar a missão de Jesus. Com todo respeito aos cristãos, afirmamos que a Pomba da Paz de Picasso, que está na bandeira e no símbolo do PSB, veio anunciar a importância do Socialismo para este nosso tempo. Curiosamente, as cores do partido são o amarelo da Luz do Sol, da Luz de Deus e o Vermelho que, bem pode ser, o sangue de Cristo e a cor do manto que ele usava. O lema do PSB: “Socialismo e Liberdade”, também é algo, altamente, teológico. Lembremos novamente de Jesus em João 8:32 “e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará”.

A verdade hoje é que o mundo precisa mudar para melhor e esta melhoria vemos no Socialismo, chega de mudar para pior, basta ! E é esta verdade-socialismo que vai nos levar à libertação das violências: violência das filas de madrugada nos hospitais públicos, violência dos transportes caros e ineficientes, fora a violência comum que estamos acostumados a ver diariamente na mídia.

Precisamos de paz interna, dentro de cada um. E paz externa: paz social, paz econômica, paz afetiva, paz política, paz ideológica etc.

Podemos até dizer, lembrando o folclore popular, que o galhinho de árvore, no bico da pomba, é um ramo de arruda, para trazer sorte, boa sorte Brasil !

P (de partido, de paz), S (de sorte, saúde, socialismo), B (de Brasil, bem, beleza). Liberdade, luz.

E neste ano de 2009, para nortear nossa vida rumo ao socialismo, recomendamos a reflexão sobre os “9 Frutos do Espírito Santo” que está na carta do apóstolo Paulo aos Gálatas 5:22 “... caridade, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança”.

Eis aí um bom código de ética para 2009 e os anos seguintes... rumo ao socialismo.

- textos bíblicos com base na Bíblia de Estudo Pentecostal, editora CPAD, 1995.

(*) Antonio Carlos Rocha é escritor e membro do PSB-RJ.

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Crítica Marxista e Neomarxista

Antonio Carlos Rocha

Logo que surgiram, em 2008, os primeiros sintomas de quebra do capitalismo mundial, alguns especialistas da área econômica e afins começaram a falar sobre a atualidade do pensamento de Marx, recomendando-se uma releitura com a devida adaptação contemporânea.

Mas, bem antes disso, em 2007, o professor Rogel Samuel, em seu ótimo livro Novo Manual de Teoria Literária, publicado pela, Vozes, que já está na quarta edição revista e ampliada, nos ensinava sobre a importância do pensador Karl, no que se refere à Literatura, às artes em geral e às culturas.

Vejamos alguns trechos do seu importante livro, páginas 89 a 94:

“Nos anos 1970 alguns intelectuais romperam ao mesmo tempo com o capitalismo e com o comunismo do regime de Stalin. Desenvolveram-se novas tradições esquerdistas e marxistas até então reprimidas, principalmente na Inglaterra, como correntes alternativas do marxismo revolucionário ligado à política de massas luxemburguista, trotskista, maoísta. Simultaneamente, os vários legados do marxismo ocidental, nascidos de Lukács, Korsch e Gramsci, tornaram-se importantes, sob a influência do marxismo de Sartre, Lefèbvre, Adorno, Marcuse, Della Volpe, Colletti, Althusser e outros.

“A nova esquerda hoje é representada por Hobsbawn, que fez a interpretação do século XIX; Jamenson, que escreveu sobre a Pós-modernidade; Robert Brenner, que ofereceu uma interpretação econômica do desenvolvimento capitalista desde a Segunda Guerra Mundial; e também Giovanni Arrighi, sobre estrutura temporal mais extensa. Tom Nairn e Benedict Anderson são importantes autores sobre o nacionalismo moderno. Regis Debray desenvolveu uma teoria da mídia contemporânea. Terry Eaglenton desenvolveu seus estudos no campo literário. T. J. Clark nas artes visuais e David Harvey na reconstrução da geografia. Nos campos da filosofia, sociologia e economia estariam incluídos os trabalhos de Habermas, Bordieu, Fredric Jamenson, Edward Said e Perry Anderson.

“Ser radical, já se sabe desde Marx, é “tomar as coisas pela raiz”. Ser radical é pensar a sociedade a partir de suas bases. A nova radicalidade é ultrapassar a direita, utilizando seus instrumentos macroeconômicos em favor, por exemplo, dos que nada tem.

“Para onde vai a nova esquerda radical? Nós temos de pensar a nova esquerda enquanto versão da nossa nova época...”

Observe o leitor que, mediante os nomes citados, isso já nos leva à uma profunda pesquisa. Uma sugestão aos colegas de todo o Brasil. Só este item da obra do professor Rogel, já nos permite uma reflexão e um atualíssimo curso. Cada aluno, ou grupo de alunos enveredando por um ou mais nomes, temos aí um semestre letivo de trabalhos e seminários.

domingo, 11 de janeiro de 2009

Diálogo do Outro Mundo

Fragmentos de um Discurso Religioso – 2 –

DIÁLOGO DO OUTRO MUNDO
Antonio Carlos Rocha

Foi mais ou menos assim, conforme escrevemos a seguir. Com todo respeito aos que discordam, decidimos relatar aqui, em primeira mão, o diálogo que antecedeu à descida do Espírito de Jesus ao corpo físico. O texto nos foi inspirado por canalização espiritual.

Belo dia, Deus, o Criador, não agüentou mais a confusão que reinava aqui embaixo, virou-se para o seu amado Filho e disse:

- Jesus, estou precisando de um favor seu.

- Pois sim Pai, diga!

- Vai lá na Terra, lá no embaixão de tudo, naquela tristeza e tenta dar um jeito naqueles povos.

- E o Senhor acha que eles vão me dar ouvidos?

- Ora, meu filho, uns vão acreditar; outros não.

- Paciência ! o que vamos fazer – ponderou Jesus, dando de ombros.

- Sabe Filho, é uma tarefa árdua que estou lhe dando, você está preparado?

- Creio que sim, mas... o que o Senhor está pensando?

- Você precisa fazer uma pregação de impacto, pequena, mas que dure para sempre.

- E se eles lá na Terra não toparem?

- É o mais provável, você pode até correr risco de vida.

- Ô Pai ! Olha lá o que o Senhor vai fazer hem? Olha lá o que o Senhor está me arranjando !

- Não se preocupe, nossa vitória deste lado da Espiritualidade é certa !

- Já do lado deles lá embaixo...

- Não garanto Filho.

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Fragmentos de um Discurso Religioso - Introdução

Claro, lógico e evidente que o título acima, foi inspirado no ótimo livro do escritor francês Roland Barthes em seu Fragmentos de um Discurso Amoroso.

A Bíblia é um excelente manancial para o que estamos agora batizando de ELA – Estudos Literários e Atualidade, ou seja, estudarmos, pesquisarmos e enveredarmos pela atualidade, através da Literatura em todas as suas mais diversas formas e conteúdos.

Deste modo, vejamos um primeiro versículo. É o de número 21, do capítulo 9 do livro de Jeremias, Antigo Testamento, cujo título é “Ameaças de Ruína e Exílio”.

“Porque a morte subiu pelas nossas janelas e entrou em nossos palácios; exterminou das ruas as crianças e os jovens, das praças”.

Penso que este é um dos versículos que norteiam as atuais autoridades do Estado de Israel e aqueles, pelo mundo afora, que apóiam, com palavras ou em silêncio, o citado governo em suas investidas sobre a Faixa de Gaza e contra os palestinos.

Que o Senhor Deus El Shaddai (hebraico) Todo Poderoso, faça com que os exterminadores parem com a matança e acolha em seu sacrossanto abraço, os espíritos das pobres e inocentes vítimas palestinas que estão sendo, lamentavelmente, executadas

- a referência bíblica está na página 663, Sociedade Bíblica do Brasil, 1993.

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Só um terço da humanidade vai sobreviver

A recente e lamentável matança que o Estado de Israel está promovendo na Faixa de Gaza contra os palestinos (ao escrever estas notas, leio na internet que o número de mortos passa de 520 e os feridos ultrapassa a casa de 1500 pessoas) me fez lembrar de um livro espiritualista que li em 1968, psicografado pelo espírito de Ramatis, médium Hercílio Mães, título da obra: Mensagens do Astral, livraria Freitas Bastos. Hoje este importante texto está republicado pela editora Conhecimento, de São Paulo.

Entre outras, conta a entidade espiritual que só um terço da humanidade vai sobreviver. A partir de guerras, cataclismos naturais, tipo tsunamis e intolerâncias várias que estamos vendo diariamente na mídia, infelizmente, dois terços da população irão, aos poucos, desaparecer.

Até agora, parece que esse iluminado Espírito de Luz está certo. Dizem os espíritas que o planeta Terra ainda é um campo de provas e expiações. Mas, belo dia chegará em que a humanidade aprenderá a resolver suas diferenças através do diálogo, talvez, no final deste terceiro milênio, se até lá, ainda existir vida humana, por enquanto, as previsões não são nada boas.

Desde que o sistema capitalista mundial entrou em colapso, em 2008, esta é a primeira guerra. Infelizmente virão outras. Nós pacifistas, precisamos orar, meditar, fazer preces e também, pacificamente, nos opor a este quadro absurdo que ceifa a vida de civis, inocentes, idosos, mulheres, homens...

Só vejo solução no pacifismo de Gandhi, as duas partes sentarem e educadamente tratarem de suas diferenças.

Muitos julgam ser tolice, ingenuidade, não é. Quem sabe no quarto milênio haja paz.

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

Alô Telenovelistas

Gosto da palavra telenovelistas, lembrando o português de Portugal. É mais real. Novela inicialmente era no papel, no livro ou no jornal, através do folhetim, depois vieram as radionovelas, na antiga Rádio Nacional do Rio de Janeiro e em seguidas as telenovelas, com a “máquina de fazer doido”, expressão do saudoso jornalista, escritor e humorista Sérgio Porto, também conhecido pelo pseudônimo de Stanislaw Ponte Preta, autor, entre outros, do ontológico Febeapá – Festival de Besteiras que Assola o País. “Máquina de fazer doido” era a forma como Stanislaw designava a televisão.

O alô do título é para sugerir, dar uma dica, aos autores das novelas de TVs para uma possível próxima novela ou minissérie. O ano passado, em um programa de TV, falei que está havendo uma crise de criatividade nas telenovelas, os temas são muito repetitivos e assim o público vai cansando, por isso a audiência vem diminuindo. Não é só a questão da chegada do computador e da internet que vai tirando o público da frente da telinha. Respeitosamente falta criatividade.

Escrevo isso com toda respeito e reverência, sei que eles são ótimos escritores, redatores, roteiristas e afins. Os atores brilhantes e as atrizes muito belas, cenários idem e a tecnologia ajuda bastante. Mas, falta algo... e entre estas coisas que faltam, uma delas, é um pouquinho mais de literatura brasileira na TV.

Explico: No citado programa recomendei que se voltassem mais para a beleza da Literatura Brasileira, dos textos e da vida de seus autores, dos seus tempos... se não quiserem fazer telenovelas ou minisséries de época, podem adaptar, atualizá-las, copidescá-las...

Eis um bom exemplo de fofoca literária e fofoca em parte rege a vida; está no livro O Monge do Hotel Bela Vista, de Edmílson Caminha, ed. Thesaurus, Brasília e foi lançado em 2008. São cartas trocadas entre o autor e o falecido memorialista Antonio Carlos Villaça. Vejamos só um item, partindo do texto abaixo já é possível escrever uma bela telenovela, com base no real. Eis um trecho da missiva de Villaça, datada de 15/10/1980:

“Quanto a Gilberto Amado, é certo que matou o poeta Aníbal Teófilo, em junho de 1915 (não na década de 20). Ele tinha 28 anos feitos a 7 de maio. Era deputado federal por Sergipe. Publicara um livro, A Chave de Salomão, pela Francisco Alves, 1914. Aníbal era um pouco mais velho, uns quarenta e pouco. A razão? Tudo permanece obscuro. Diz-se que Aníbal era amante de dona Gaby Coelho Neto e Gilberto teria querido aproximar-se dela. Aníbal hostilizou-o.

“Gilberto então se descontrolou. Há outra versão de que Gilberto teria seus desejos em relação a Aníbal e este o repeliu. O fato é que Aníbal era bissexual. Consta que era amante de Bilac. Este, num ímpeto romântico, derramou um vidro de perfume sobre o cadáver. A verdade histórica é que Aníbal publicamente hostilizava Gilberto. Este reagiu. Mandou dizer-lhe pelo Jackson de Figueiredo que o mataria se ele insistisse em humilhá-lo em público. Gilberto era baixinho. Era um garoto. Aníbal era um atleta, era alto e realmente muito bonito. Gilberto sempre foi sexualmente muito universal, muito sensível à beleza masculina. Por que a hostilidade de Aníbal a Gilberto? Eis o enigma. Gilberto dá uma longa explicação em Memórias. Conclui que se tratava de uma agressão gratuita. Uma antipatia. Um despeito. Seria só despeito literário? Não creio. O capítulo do quarto volume é muito bem escrito, mas verdadeiramente não explica. É vago.

“Comigo, no fim da vida, Gilberto várias vezes se referiu em 1969 à figura de Aníbal, que, no seu dizer expresso, lhe fazia de companheiro, nas horas de solidão, no apartamento da rua General Glicério, Laranjeiras. Não lhe fiz perguntas, seria indelicado. A Aníbal era freqüente que se referisse, dizendo apenas – aquele homem... Gilberto era um ser muito enigmático. Alvejou também Lindolfo Collor e Elloi Pontes, na mesma época. Mas errou os tiros. Que era violento, não há dúvida”.

- páginas 21 e 22 do citado livro do professor, escritor e jornalista Edmílson Caminha.