Antonio Carlos Rocha*
Abaixo o “terrorismo purista”
Pelas Liberdades Gramaticaes !
Queridos gramáticos:
Como os senhores bem sabem
Não há jeito que dê jeito
Da gente falar direito.
É tanta regrinha
Impossível gravar
Ninguém mesmo usa
Na hora de falar.
Os senhores também sabem
Que o falar muito varia
De pessoa, de lugar
Da noite para o dia.
Por que essa fixidez?
Normas tão duras !
Não é uma beleza
O falar das ruas?
Seja lá o que for
Fenômeno ou evolução
É falar e ouvir
Criar a oração
Então, essa tal de
Louçania da linguagem
No fundo, no fundo
Me cheira a bobagem
Pois como disse Manuel Bandeira:
“A língua errada do povo
A língua certa do povo”.
Não me levem a mal, mas
Não sejamos radicaes
Nem tantas, nem tão poucas
Convenções gramaticaes
Gramática e cachaça
É tudo uma coisa só
Queridos senhores
De nós, tenham dó.
Não adianta fardão
Sem ser, erudito,
É o povo quem decide
É só, tenho dito.
(*) Mestre e doutor em Ciência da Literatura, UFRJ.
terça-feira, 24 de fevereiro de 2009
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