Veja no magnífico Dicionário Houaiss o vocábulo gol, entrou para a nossa língua portuguesa em 1904. Mestre Houaiss esclarece quanto ao plural: “gols é um barbarismo consagrado pelo uso”
Já outro mestre, Aurélio, em seu também excelente Dicionário ensina que “barbarismo é erro de pronúncia, grafia, forma gramatical ou significação”.
Interessante que todo mundo lê, fala, escreve, comenta os “gols da partida” e ninguém fica escandalizado.
Ainda sobre o plural de gol, o Dicionário Aurélio afirma as duas formas certas: “gois e golos. É incoerente o plural gols, para uma palavra aportuguesada. Contudo, parece-nos difícil que se venha a fugir desse barbarismo, tão arraigado está”.
Para colocar mais lenha nessa fogueira do barbarismo, os professores gaúchos Édison de Oliveira e Maria Elyse Bernd, em Escreva Certo , L&PM Pocket, 2002, explicam:
“O vocábulo inglês goal, há muito tempo, foi aportuguesado para gol (ou golo). Mas... e o plural?
Goles, gois, golos ou gols?
Todas essas formas, exceto a última, são coerentes com os processos de formação do plural segundo nossa gramática. Goles ajusta-se à norma pela qual substantivos terminado em L podem formar o plural com o acréscimo de es. Exemplos: Cônsul, cônsules; mal, males; gol, goles.
Gois enquadra-se no princípio de acordo com o qual os substantivos terminados em L também podem formar o plural em ois. Exemplos : farol, faróis; álcool, álcoois; gol, gois.
Golos, supondo-se para o singular a forma golo, é também perfeitamente aceitável. Exemplos: rolo, rolos; bolo, bolos; golo, golos.
A única forma incoerente em relação à nossa tradição gramatical é, infelizmente, aquela que o uso consagrou: gols. Em Português é tão absurdo dizer gols como dizer farols e álcools. Entretanto, esse fato está tão arraigado em nossa língua, que será muito difícil superá-lo. (páginas 83 e 84)”.
Como dizia o grande poeta Manuel Bandeira: “a língua certa do povo, a língua errada do povo”.
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