domingo, 2 de dezembro de 2007

A arte em questão:as questões da arte

Fruto de um conclave realizado na Faculdade de Letras da UFRJ, com o mesmo nome, em 2005, o livro que destacamos é uma co-edição da citada faculdade e Editora 7 Letras.
A organização do evento e do volume esteve a cargo do professor Manuel Antonio de Castro, titular da área de poética.
Os expositores das mesas temáticas são professores especialistas em cada filósofo ou pensador, assim temos Werner Aguiar, da UFRN, que falou sobre “Mito”; Luiz Rohden, da Unisinos, que abordou o pensador alemão Hans Geog Gadamer; Ivo Lucchesi, da FACHA, que falou sobre o alemão Walter Benjamin; e os demais da UFRJ que discorreram sobre Platão (Alberto Pucheu), Aristóteles (Emmanuel Carneiro Leão), Fichte (Ronaldes de Melo e Souza), Nietzsche (Antonio Jardim), Deleuze (Marcelo Jacques de Moraes) e o organizador Manuel Antonio de Castro que falou sobre Heidegger.
Logo na apresentação diz Manuel Antonio de Castro: “Até hoje não se descobriu nenhuma cultura que não mostre, em primeiro lugar, atividades artístico-sagradas. E são estas que nos permitem algumas aproximações dos diferentes modos de experienciação do real.”
E assim conclui o apresentador: “Procurar e questionar as questões da arte trata-se, para mim, de fazer da vida vivida uma vida experienciada como obra de arte. E o que procuro para mim quero para os outros, meus amigos-leitores-irmãos. Mas então só há um caminho único e inaugural para cada um: questionar e por em questão. Aí surgem, em seu mistério, as questões da arte”.

- resenha de Antonio Carlos Rocha.

domingo, 11 de novembro de 2007

Arte e Sociedade

“A literatura faz parte do produto geral do trabalho humano, isto é, da cultura. A cultura de um povo são suas realizações, em diversos sentidos, como as ciências e as artes. É um conjunto socialmente herdado, que de certo modo determina a vida dos indivíduos.

“Para compreender a literatura (e a arte em geral) do ponto de vista cultural, há de fazer-se certas distinções e algumas observações.

“Em primeiro lugar, é necessário distinguir objeto artístico de utensílio.

“A arte não se pode identificar com um utensílio. A arte é gratuita, isto é, sua finalidade é quase a própria arte. A arte não deve ter finalidade, porque ela é uma finalidade em si mesma. É pois uma atividade lúdica, isto é, não tem finalidade fora de si mesma. Isto não quer dizer que a arte não sirva para nada, mas outra coisa, foi a sociedade moderna que estabeleceu que o padrão da realidade de um determinado objeto é sua necessidade, isto é, os objetos são definidos não pelo que são, mas para o que servem. Tudo na vida social é visto com respeito a um determinado fim. Todos os produtos humanos e todas as ações humanas (o trabalho) estão assim definidos”.

(Rogel Samuel (org). Manual de teoria literária. Vozes, 1984, p. 7).

sábado, 10 de novembro de 2007

Os Poemas da Minha Vida

O médico e escritor português Luís Portela organizou para o jornal Público, de Lisboa, o volume 18 da coleção com o título acima. São 112 páginas reunindo poesias de autores portugueses de diversas épocas: João de Deus, Florbela Espanca, Teixeira de Pascoaes, Gomes Leal, Augusto Gil, Luís de Camões, Fernando Pessoa, Ermelinda Duarte, Sophia de Mello Breyner Andresen, Mário de Sá Carneiro, António Gedeão, Camilo Castelo Branco, Maria de Souza, Bocage, Jorge de Sena, Miguel Torga, Pedro Ayres de Magalhães, Guerra Junqueiro, Agostinho da Silva, Sofia Lago, João Matos, Miguel Ângelo.

Na coletânea Luís Portela selecionou também outros autores estrangeiros: o chinês Lao Tse, o belga Gerard Dorn, o indiano Rudyard Kipling e o libanês Khalil Gibran.

“Admitindo que gostei de outros que agora não recordo, estes são os poemas que me fizeram vibrar ao lê-los, ou que me impressionaram, ou até me marcaram. Em diferentes momentos ao longo da vida, eles tiveram um significado especial para mim. E ainda tem. São de autores muito diversos. Desde alguns dos mais importantes nomes da literatura portuguesa, a alguns jovens pelo menos ainda quase desconhecidos. Desde pensadores que marcaram a História, até simples compositores de música ligeira contemporânea.

“Os temas abordados são também diversos. Desde a amizade à simplicidade. Da ciência à paz. De Deus e de liberdade. De crianças, de aves e de mar. De vida, de espiritualidade e de amor. Talvez se possa considerar como tema comum a Vida.”

A edição é de 2006.

sexta-feira, 2 de novembro de 2007

A Crônica

“No início da era cristã, chamava-se crônica a uma relação de acontecimentos organizada cronologicamente, sem nenhuma participação interpretativa do cronista. Nessa forma, ela atinge o seu ponto alto na Idade Média, após o século XII, quando já apresentava uma perspectiva individual da história, como fez Fernão Lopes, no século XIV. As simples relações de fatos passam, então, a chamar-se “cronicões”. E, no século XVI, o termo “crônica” começa a ser substituído por história.

“A partir do século XIX, a crônica já apresenta um trabalho literário que a aproxima do conto e do poema, impondo-se, porém, como uma forma especial, porque não se permite classificar como aqueles.

“Ligada ao tempo (chrónos), ou melhor, ao seu tempo, a crônica o atravessa por ser um registro poético e muitas vezes irônico, através do que se capta o imaginário coletivo em suas manifestações cotidianas. Polimórfica, ela se utiliza afetivamente do diálogo, do monólogo, da alegoria, da confissão, da entrevista, do verso, da resenha, de personalidades reais, de personagens ficcionais... afastando-se sempre da mera reprodução de fatos. E enquanto literatura, ela capta poeticamente o instante, perenizando-o.

“Conscientemente fragmentária (e essa é a sua força) pois não pretende captar a totalidade dos fatos, a crônica vem-se impondo nos quadros da literatura brasileira...”

(Angélica Soares in Gêneros literários, 6ª edição, Ática, 2000, págs. 64 e 65. A autora é doutora em Letras e professora de Teoria Literária na UFRJ).

domingo, 21 de outubro de 2007

A História Literária

O problema do inter-relacionamento de história e literatura vem cada vez mais ocupando tanto os críticos literários como os próprios historiadores. Para o crítico, o problema se torna importante, mesmo fundamental, por duas razões principais. Primeira, em virtude da necessidade de compreender como um todo e historicamente as produções literárias de diferentes autores, épocas e nações. Segunda, ampliar os critérios de compreensão do que seja a obra literária, do que deva ser considerado como literário quando as modas e as pressões ideológicas não se fazem mais presentes. Sucede então que muitas obras, que em seu tempo conheceram o sucesso, passam com a moda. E outras, rejeitadas em seu tempo, são resgatadas literariamente. Importa, pois, ao verdadeiro exercício crítico, não só fundamentar o fenômeno literário mas igualmente histórico.

Na medida em que o literário se institui como um fazer histórico, o crítico e o historiador literário não lhe podem ser indiferentes. Toda história literária, implícita ou explicitamente expõe um conceito de história.

(...)

Pensar a história literária é pensar o histórico, o literário, a crítica em seu fundamento. A amplitude e radicalidade do conceito de crítica é que dará, em última instância, os parâmetros para a realização da história literária. Não podemos, é evidente, confundir crítica literária exercida historiograficamente com história literária. Algumas perspectivas críticas negam ou abandonam inteiramente o histórico, embora sejam posições críticas históricas, apesar de.

(Manoel Antônio de Castro, O acontecer poético. Editora Antares, 1982, págs. 117 e 118).

sábado, 20 de outubro de 2007

Homem e mundo

A arte é um dos meios de que se vale o homem para conhecer a realidade.

Esta última se efetiva na constante relação entre homem e mundo, vale dizer, entre sujeito e objeto, como costumam lembrar os filósofos.

Nesse jogo dialético, o homem busca aceder à interioridade de sua essência, para melhor saber de si e situar-se. E, no seu percurso existencial, tem procurado conhecer a si mesmo, o mundo, a sua relação com os outros, a sua relação com o mundo.

Todo conhecimento se caracteriza como uma representação, como um tornar de novo presente a realidade em que vivemos, para que dela tenhamos uma visão mais clara e profunda, que escapa a nossa percepção imediata. Toda representação, nesse sentido, configura uma interpretação. "O homem é a presença de todas as determinações de uma interpretação. Rejeitá-las seria negar a própria existência. Portanto, o homem é um arranjo existencial definido, articulado, situado. É uma circunstância, dizia Ortega y Gasset" e lembra Archangelo Buzzi, na sua Introdução ao pensar.

Esse interpretar se clarifica através de uma linguage."

(A linguagem literária, Domício Proença Filho, Ática, 2001, págs. 14 e 15).

quinta-feira, 18 de outubro de 2007

"Teoria Literária: coleção de ciências"

A teoria literária reúne uma coleção de ciências que alguns tratam por “teoria da literatura”, outros de “teoria literária”. Esta distinção existe: “teoria literária” se diz da teoria que nasce da prática literária, da obra, da leitura; e a “teoria da literatura” vê a literatura como objeto do saber.

A primeira tarefa da teoria literária consiste em saber o que é literatura.

A teoria literária funda um tipo de atividade intelectual chamada crítica literária. Muitas vezes só conhecemos a crítica, da qual se depreende a teoria. Por exemplo: os estudos de psicanálise de Freud ou a crítica da economia política de Marx, apesar de não serem literários, influenciaram nossos estudos.

Que estuda a teoria literária? Ela quer saber o que é a literatura? Que textos? Que tipos, que gêneros existem? Como se faz a leitura? Como se recebe o texto? Como interpreta-lo? Quais os interesses ocultos do seu saber?


(trechos do Novo Manual de Teoria Literária, de Rogel Samuel, Editora Vozes, 2002. pág. 7. A obra já está na terceira edição. O autor foi muito feliz ao afirmar o que citamos no título. Este livro deriva de pesquisa nos Estados Unidos, França e, principalmente, Canadá, na University of British Columbia).

segunda-feira, 15 de outubro de 2007

Terra di Poesia

“Desde há bastante tempo que nutro certa simpatia pelo povo cabo-verdiano. As imagens dos tempos de liceu, os colegas de faculdade, o conhecimento pessoal da colónia cabo-verdiana de New Jersey, terão contribuído para isso.

Contudo, quando visitei Cabo Verde pela primeira vez, fiquei encantado com o olhar sereno do homem da rua, a forma harmoniosa como aquela gente vive, a maneira delicada como recebem quem chega.

Durante perto de um mês pude constatar que raramente aquele povo eleva a voz. Passeei sozinho de dia e de noite em cidades como Mindelo ou em pequenas povoações como Santa Maria, parecendo-me que o banditismo, a segregação racial e a falta de respeito pelo semelhante não existem naquelas terras.

(...)

Quando comprei umas blusas para os meus filhos que traziam estampada a frase “Cabo Verde – terra di poesia”, pensei que, de facto, aquele povo tem o seu fascínio e aquela é uma terra de poesia”.

(o texto acima é de autoria de Luís Portela, médico e escritor português. Excelente cronista. Seus trabalhos são publicados em diversos jornais de Portugal. O trecho citado encontra-se no volume Para além da evolução tecnológica, Lisboa, Edições Asa, 1994, pág. 27, 28 e 29).

sábado, 13 de outubro de 2007

Prefácio de Cromwell (trecho)

“Pode ousar, arriscar, criar, inventar seu estilo; ela tem o seu direito. Pois, se bem que certos homens tenham dito que não haviam pensado no que diziam, e entre os quais é preciso colocar especialmente o que escreve estas linhas, a língua francesa não está fixa e não se fixará.

Não se fixa uma língua. O espírito humano está sempre em marcha, ou, se se quiser, em movimento, e as línguas com ele. As coisas são assim. Quando o corpo muda, como não mudaria a roupa? O francês do século XIX não pode mais ser o francês do século XVIII, tanto quanto este não é o francês do século XVII, tanto quanto o francês do século XVII não é o do século XVI.

A língua de Montaigne não é mais de Rabelais, a língua de Pascal não é mais a de Montaigne, a língua de Montesquieu não é mais a língua de Pascal. Cada uma destas quatro línguas, tomada em si, é admirável, porque é original.

Toda época tem suas idéias próprias; é preciso que tenha também as palavras próprias a estas idéias. As línguas são como o mar, oscilam sem parada. Num certo momento, deixam uma costa do mundo do pensamento e invadem uma outra. Tudo o que suas ondas assim abandonam seca e se apaga do solo. É desta maneira que idéias se extinguem, que palavras se vão. Sucede com idiomas humanos como com tudo.

Cada século traz e leva alguma coisa. Que é que se pode fazer? Isto é fatal. Seria, pois, em vão querer petrificar a móvel fisionomia de nosso idioma sob uma forma dada. É em vão que nossos Josués* literários gritam à língua para que se detenha; as línguas nem o sol não mais se detêm. No dia em que se fixarem, é porque estão mortas”.

(*) Josué, personagem bíblico, do Antigo Testamento. Era o sucessor de Moisés; fez parar o curso do sol, a fim de prolongar o dia e conseguir a vitória durante uma batalha.

(Vitor Hugo, Do Grotesco e do Sublime, Editora Perspectiva, 1988, págs. 71 e 72).

sexta-feira, 12 de outubro de 2007

A Questão da Interpretação

“Caminho: para cima, para baixo, um e o mesmo” – Heráclito, Fragmento 60.

“Mas o que é ler, senão reunir: reunir-se à reunião do não-dito no dito?” – Martin Heidegger.

“Vivendo, se aprende; mas o que se aprende, mais, é só a fazer outras maiores perguntas”. – Guimarães Rosa

“A interpretação faz parte da nossa existência cotidiana. Nem sempre nos damos conta de que nossas escolhas e decisões se fazem a partir de interpretações. Elas se processam ao longo do dia, dos anos e da vida, de uma maneira natural. Mas o que é interpretação? Esta é a nossa questão. Questionar radica no que há de mais profundo em nós. Nele sabemos e não sabemos, queremos e não queremos. O caminho da interpretação é a interpretação do caminho como o não-querer e o não-saber de toda questão. Se já soubéssemos o que desejamos na interpretação, não questionaríamos. Existir é interpretar a questão. Mas o que é a interpretação para que nela se dê a questão? A interpretação, o questionar e o que somos estão assim profundamente interligados. Por isso, quando tomamos como tema a interpretação, é em nossa própria existência que estamos pensando. Interpretar nessa dimensão é interpretar-se. A questão é: o que é o interpretar para que nele possa acontecer um interpretar-se? Interpretar-se é eclodir no que cada um é”.

- Manuel Antônio de Castro, Poética e poiésis, Faculdade de Letras, UFRJ, 2000.

domingo, 7 de outubro de 2007

Dicas de Leitura

“Heidegger escreveu uma das obras mais volumosas da história da filosofia. Só uma pequena parte foi publicada durante a sua vida. Mesmo o seu livro mais famoso, Ser e tempo, é um fragmento nunca terminado, publicado em 1927 (...)

O próprio Heidegger concebeu a edição completa das suas obras, a Gesamtausgabe (GA). O projeto dessa edição, levado adiante pela editora Klostermann, de Frankfurt, prevê a publicação de 102 volumes, dos quais aproximadamente dois terços já foram lançados.

As linhas editoriais foram estabelecidas pelo próprio Heidegger. Não se trata de edição histórico-crítica, mas de uma “edição de última mão”, que deverá apresentar os textos tais como foram deixados pelo autor. A epígrafe da edição inteira, escrita por Heidegger poucos dias antes da sua morte: “Wege, nicht Werke” – “Caminhos, não obras” enfatiza o caráter não-sistemático, acontecencial e, por assim dizer, transicional do seu pensamento. Heidegger não desejava que os seus escritos fossem percebidos como recipientes de um dito fechado em si, mas como marcas que apontam um a-saber, como dicas de caminhos a seguir. É por isso que eles não devem ser vistos como obras, como resultados acabados de um ato de produção.


- Zeljko Loparic in “Heidegger”, Ed. Jorge Zahar, 2004, págs. 35 e 36.

sábado, 6 de outubro de 2007

Leitor

"Considero a televisão muito educativa. Cada vez que alguém na sala liga o aparelho, vou para o quarto ler um livro".

- Groucho Marx (1890-1977), humorista norte-americano.

sexta-feira, 5 de outubro de 2007

Folhas

"O vento é o mesmo; mas a resposta é diferente em cada folha"

- Cecília Meireles in Mar Absoluto.

domingo, 30 de setembro de 2007

Escrever

"Escrever é um ato solitário, solitário de um modo diferente de solidão. Escrevo com amor e atenção e ternura e dor e pesquisa..."

- Clarice Lispector

sábado, 29 de setembro de 2007

Castro Alves - o poeta político

"Castro Alves é um dos principais poetas brasileiros. Nasceu na cidade de Curralinho, que hoje leva o seu nome, e morrreu em Salvador - 1847-1871. O verdadeiro nome deste bardo é Antônio Frederico de Castro Alves, que cunhou em seu fazer literário uma tônica bastante libertária. Mas também cantou o amor, as coisas do erotismo, suas paixões e fraquezas.

Por vezes, indignado, parece duvidar da existência de Deus, atrevido e audacioso. Espelhou sua época, a pujança da juventude inconformada com as diatribes do cotidiano e a inoperância das divindades em resolver os problemas cruciais que afligiam seu tempo.

Como ninguém cantou a dor dos escravos. Seus versos nos dão uma idéia da voracidade com que Castro Alves criticou a política vigente. Pode-se afirmar, sem sombra de dúvida, que sua arte é revolucionária, é política e não há aí nenhum desdouro, pois o homem é um animal político inserido num contexto e do qual não pode fugir de forma "apolítica", visto que, muitas vezes, tal expressão denota "conivência".

Sua poesia é também afro-brasileira, isto é, poesia brasileira de temática escravista, ou, se preferirem, abolicionista. Claro, lógico e evidente que estamos tratando, neste caso, do seu período de lutas em prol do negro escravo, da liberdade para todos. Sob este prisma, a figura do baiano de Curralinho é importante, na medida em que resgata para a nossa história literária a presença da escravidão (de triste memória, frise-se) e convém lembrar que o Brasil foi o último país a abolir a escravidão do braço africano, ou seja, as riquezas que por aqui se produziram muito deveram ao braço negro, e com aguda percepção Castro Alves colocou isso no papel.

Percebe-se, claramente, que com o seu ideal de transformação ele colocou-se no papel do serviçal africano que é raptado de sua região natal e transportado sob forma animal, a bem de uma pequena classe dominante. É de fato dantesca a descrição dos porões negreiros, é de fato atordoante o lamento que se depreende em "Vozes d'África". Sem forças, o homem critica a divindade. Entretanto, para o bem de todos, ele afirma que não se pode esperar mais, é preciso marchar, parar aquilo que nos despedaça, interna e externamente, e assim partir para a liberdade, sem ufanismos, mas com realidade e também como sonhos."

(Antonio Carlos Rocha in "Literatura Básica e Exercícios de Português para o Ensino do Segundo Grau", Editora Vozes, 1985, págs. 30 a 37).

domingo, 23 de setembro de 2007

Vida

"Escrever é como respirar. Só que é muito mais doloroso" - Breyten Breytenbach, escritor sul-africano.

domingo, 16 de setembro de 2007

O Humor Nosso De Cada Dia

Confúcio, um célebre sábio chinês que viveu entre 551-479 a.C., certa feita afirmou que "uma imagem vale mais que mil palavras". Com o passar do tempo essa assertiva vem sendo muito utilizada, citada, confirmada e cada vez mais comprovada. Estamos vivendo em plena era ótica e o predomínio é do aspecto visual, da imagem, como bem disse Confúcio.

O humor, quer seja no texto, no cartum (do inglês - cartoon - bonecos desenhados em situações onde, normalmente, desponta o ser humano e suas vicissitudes), na charge (do francês - a representação pictórica de caráter burlesco que satiriza uma pessoa, um fato, uma situação etc), na caricatura (do italiano - o artista se inspira em aspectos que chamam a atenção e assim e assim representa, de forma caricata, a pessoa, o fato, a ocasião), produz no receptor uma dada imagem, fruto da reação daquele que lê, assiste, vê ou contempla a peça humorística; e muitas são as formas de humor, muitas são as suas manifestações, muitos são os caminhos que levam ao humor.

Em geral, o humor está associado ao riso, é a conotação imediata, mas não é só isso. Pode-se fazer humor e a forma de riso ser bem outra, diferente da que estamos acostumados a perceber. É alegria, mas também é reflexão, e é aí que está a grande inventiva e a sua importancia.

Vejamos o exemplo do capítulo: é um texto. O autor valeu-se de uma notícia no jornal para registrar um fato curioso, inusitado. Essa é uma das propriedades do humor, ver no insólito, no inusual um motivo de riso e reflexão.

O humor está presente nos mais variados aspectos da vida e é uma forma de compreendermos a realidade e atré brincar com ela, visto que, o jogo, o ludismo é uma das características do gênero humano.

Antonio Carlos Rocha (in "Literatura Básica e Exercícios de Português para o Ensino do Segundo Grau", vol. 1, Ed. Vozes, 1985, págs. 46,47,48 - trecho).

domingo, 2 de setembro de 2007

Leituras

A literatura não tem uma única leitura. Cada leitura, mesmo do mesmo leitor, revela-se nova, outra, em cada uma o leitor é mobilizado por uma experiência nova. Por isto ela é fonte de experiência.

Rogel Samuel (Literatura Básica, vol. 1. Vozes, 1985, p. 9).