sábado, 4 de setembro de 2010

Bonde Álogo

Entenda-se “Bom de Diálogo”. É um espírito, um ghost, um fantasma gente boa que trafega a esmo em nossos bondinhos de Santa Teresa, RJ. Conheci Bonde Álogo ainda criança. Eu e meu tio Manoel, já falecido, certa feita íamos almoçar, anos 60, lá no antigo SAPS, restaurante popular do tempo de Jango, na Central do Brasil. Os bondes, que andavam por muitas ruas, eram na cor verde e, Bonde Álogo me apareceu sorridente.

Depois, deixaram os bondes para lá. E os carros tomaram conta da cidade. Vez por outra em algum lugar eu falava: “mas os bondes são mais poéticos, não poluem...”. Houve época em que “especilistas” me diziam que os trens eram algo em extinção, muito caro essa engenharia.

Mas, curiosamente, por onde andei em Portugal, Londres, Madrid e França, encontrei trens, metrôs, bondes... então pensei: “Parece que no Brasil, o que não querem é transporte público de qualidade e barato para o povão”. Esquenta não, me respondeu, de outra feita, Bonde Álogo, nós vamos voltar.

Agora, com a crises contemporâneas, inventaram o VLT – Veículo Leve sobre Trilhos. E descobriram que é um transporte bom, pois evita o excesso de carros particulares no tráfego. “Eu não disse que íamos voltar”, confidenciou-me Bonde Álogo uma vez. Já falam em re-colocar trilhos no centro da cidade e em muitas outras cidades do Brasil.

O ser humano é um caso sério, contou-me o querido Bonde Álogo. Primeiro acabam com os bondes e agora descobrem que bonde faz bem à saúde das cidades.

Mais adiante eu escrevo para vocês outros papos que tive com o Bonde Álogo. Gente boa ! Quer dizer, “gente” invisível.