terça-feira, 27 de outubro de 2009

Bom Exemplo de Amizade

O escritor, jornalista e sociólogo Gilberto Felisberto Vasconcelos conta, em seu artigo, na revista Caros Amigos, maio de 2009, página 10, ano 13, nº 146, que o grande Darcy Ribeiro, em 1964, nas primeiras semanas de exílio no Uruguai, recebeu a visita de dois conceituados antropólogos estadunidenses. Lhe ofereceram uma bolsa de estudos para ser pesquisador na biblioteca do Senado, lá na Matriz. Polidamente, Darcy recusou.

Anos depois, ao regressar do exílio, o ilustre brasileiro Darcy Ribeiro, novamente recusou uma bolsa, desta feita oferecida pela Fundação Ford, pois o governo dos Estados Unidos havia ajudado a derrubar o presidente João Goulart, seu amigo.

Que Deus abençoe bastante o espírito de Darcy Ribeiro, na dimensão em que ele se encontra, por esta bela prova de amizade e postura ideológica.

domingo, 25 de outubro de 2009

Religiões Comparadas

John Hinnells, professor da Universidade de Manchester, coordenou um grupo de pesquisadores em universidades internacionais conceituadas e no Dicionário das Religiões (Cultrix, 1991) escreveu que o interesse pelas Religiões Comparadas vem desde a Grécia antiga, no tempo de Xenófanes, século 6 antes de Cristo. Para uns, Ciências (observe o plural) da Religião, para outros Religião Comparada, também conhecida como Fenomenologia da Religião ou Filosofia da Religião. Acrescenta ainda que, no século 19, surge na Alemanha o Religionswissenschaft, grupo de disciplinas que equivale à história das religiões para, de forma polimetódica, “evitar o dogmatismo e a superioridade” de uma religião sobre outra.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Dom Hélder Câmara, sempre

No próximo dia 28 de outubro de 2009, quarta-feira, a UERJ – Universidade do Estado do RJ através do Proeper – Programa de Estudos e Pesquisa das Religiões e do CCS – Centro de Ciências Sociais, vai promover uma série de palestras e debates sobre a vida e a obra deste grande brasileiro que, vivo fosse, estaria completando 100 anos.

O trecho abaixo é de Dom Hélder Câmara nos folhetos do evento:

“O amor é o perfume da alma. Se eu der comida a um pobre, me chamam de santo, mas se eu perguntar por que ele é pobre, me chamam de comunista. Quero me dedicar até o último suspiro à justiça e à libertação dos oprimidos. O verdadeiro cristianismo rejeita a idéia de que uns nascem pobres e outros ricos, e que os pobres devem atribuir a sua pobreza à vontade de Deus. É graça divina começar bem. Graça maior persistir na caminhada certa. Mas graça das graças é não desistir nunca”.

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Maria, Mãe do Messias

Em meados do século passado, um judeu americano, Sholem Asch, escreveu, de forma bastante inspirada, uma série de livros sobre a vida dos tempos de Jesus. Entre eles, O Nazareno, O Apóstolo, e Maria.

Nesta última obra, narra o que teria sido a vida de Jesus na sua adolescência até iniciar seu messianato.

- os dados acima estão no boletim SEI – Serviço Espírita de Informações, nº 2161, de 29/08/09, http://www.lfc.org.br/sei

- O livro, Maria, foi publicado pela antiga Companhia Editora Nacional, não há referência de data.

- Realmente, o fato da jovem Maria ter dado à luz a Jesus, indica, em primeiro lugar um grau de parentesco muito grande oriundo de vidas anteriores. E em segundo lugar que ela era uma pessoa toda especial, de muita Luz Espiritual, por abrigar em seu ventre o Mestre Jesus.

- Eis, respeitosamente, nossa homenagem ao dia de hoje, 12 de outubro, data da Padroeira do Brasil, Nossa Senhora de Aparecida.

- Linguisticamente e criativamente gostaríamos de inovar chamando-a reverenciosamente de Mãedroeira e não padroeira, pois este último termo é um machismo de nossa gramática. Padroeira vem de padre, pai e é masculino. Viver criando neologismos é bem melhor.

- Não podemos nos esquecer também que hoje, é o Dia da Criança, o Dia do Descobrimento da América e o Dia da Hispanidade. Comemoremos !

sábado, 10 de outubro de 2009

Sete Lemas de N/A

É um pequeno grande folheto. Penso que deve andar nas bolsas, carteiras, pastas. Eu costumo anotá-lo em minha agenda anual. Assim, o ano inteiro fica lá a dica. E no ano seguinte, assim que compro a nova agendinha, transcrevo os sete lemas.

Com o passar do tempo e a reflexão diária, compreendi que cada lema é para um dia da semana:

Domingo – Fazer primeiro as coisas primeiras.
Segunda – Devagar se vai ao longe.
Terça – Viver e deixar viver.
Quarta – Viver na Graça de Deus.
Quinta – Esquecer os prejuízos.
Sexta – Recomendar-se a Deus incondicionalmente.
Sábado – Só por hoje.

Com o passar da vida, cada um vai ver que os lemas, por si, nos levam a deduções mais profundas.

Outras irmandades têm estes lemas, com pequenas variantes.

Nossa reverência e gratidão ao AA – Alcoólicos Anônimos, irmandade mãe de diversas irmandades de apoio mútuo: CCA – Comedores Compulsivos Anônimos, FA – Fumantes Anônimos, N.A. – Narcóticos Anônimos, JA – Jogadores Anônimos, DASA – Dependentes de Amor e Sexo Anônimos etc.

Tenho a honra de fazer parte da irmandade N/A, há muitas 24 horas, que constituem mais de 10 anos. Vejo na "Literatura de N/A" um grande caminho para se viver melhor.

www.neuroticosanonimos.org.br

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

PS em Portugal

A recente vitória, mais uma, do PS – Partido Socialista, em Portugal, me fez lembrar de uma experiência marcante.

Aqui no Brasil ainda era o regime militar. O navio deixou o porto de Tilbury, na Inglaterra rumo à França. Cruzamos o Canal da Mancha. Um frio doido e um vento gélido. Era inverno. Saltei em Le Havre. Contatos me esperavam. Fui colocado em um trem rumo a Paris.

Na manhã seguinte, um outro trem deixou Paris rumo à fronteira com a Espanha. Na fronteira é efetuada a troca de trens. Agora, cruzaremos a Espanha. Por fim... o dia estava clareando quando chegamos em território português.

Eis a experiência marcante: o trem corria célere, o dia clareava, não me recordo o nome da cidadezinha, já faz tanto tempo. Mas lembro, inesquecivelmente lá longe, na campina, uma casa rosa e tremulando de uma janela no sobrado, a bandeira vermelha do Partido Socialista, do falecido e grande Mário Soares, presidente da Internacional Socialista.

Indescritível a felicidade que senti. E é por isso, entre outros motivos, que tenho um carinho muito grande pelo PS e pelos portugueses.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Fora daqui o FMI

Era assim, como está no título, que nós cantávamos nas ruas e praças exigindo que o FMI se retirasse do Brasil.

Porque aprendi, desde a mais tenra infância, que o FMI era conivente com o regime militar. Se era conivente, concordava com as torturas e outras coisas nefandas. Pode-se até alegar que o FMI não tinha competência para se pronunciar em assuntos internos, mas era isso o que, na prática acontecia. Eles não reclamavam das arbitrariedades aqui cometidas.

Agora o Brasil empresta dinheiro ao FMI, dizem que é uma quantia mínima, mas eu coloco as minhas barbas de molho. Então, ao entrar para esse time lamentável, o Brasil passa a fazer vistas grossas contra governos que tratam mal e exploram as suas populações.

Continuamos perdendo o jogo, desde 1500. Parece que nesta encarnação estão nos goleando exemplarmente e, já fomos, há muito, rebaixados para a terceira divisão dos povos.

Mesmo que venha por aí a melhorazinha propalada.

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Carta a Marx

Prezado Carlinhos,

Como vai? Como é a vida, aí nesse plano espiritual em que você se encontra?

Por aqui, meu amigo, nem tão cedo as transformações de estrutura acontecem.
As classes dominantes brasileiras, indiscutivelmente, são as mais inteligentes do mundo, para o lado deles. Estão aí há 509 anos e, no fim do túnel, não temos perspectivas de mudanças reais na estrutura.

Deve acontecer tão somente, e apenas, uma melhorazinha, aquilo que antigamente nós chamávamos de “cala a boca, não reclama não que tá tudo bem”. Mas inverter mesmo a estrutura sócio-político-econômica, este século 21, talvez não veja.

Certa feita, o grande jornalista Tarso de Castro, já falecido, declarou que aqui, o Rio de Janeiro, era um balneário e por isso, a revolução não sairia daqui. Nesse momento eu quero ampliar a proposta dele e afirmar que esse maravilhoso país virou uma grande colônia de férias “deitada eternamente em berço esplêndido”. Olha a força das palavras aí.

O pessoal quer se divertir, pular carnaval, jogar futebol, praticar esportes e haja entretenimento. Nada contra, convenhamos, mas a turma não quer nem ouvir falar em mudar, de fato, as estruturas. Enquanto isso, os desníveis sociais e econômicos continuam.

Estou frisando a palavra estrutura porque é isso mesmo. É só uma maquiagenzinha que vão fazer e pronto. Como bem disse a ótima revista-jornal Caros Amigos, ano XII, nº 139, outubro de 2008, página 22: “A miséria desaparecendo um pouquinho e a classe média aumentando, é isso?”

Se você encontrar por aí o Mao Tsé Tung, transmita-lhes os meus parabéns, pelos 60 anos de aniversário de fundação da RPC – República Popular da China. Ele sabia das coisas e, pedagogicamente, compartilhou as idéias com os camponeses. Foi um bom professor de ginásio, aliás, nas origens, ele era camponês.

Falando nisso, a esperança agora é o MST, a Via Campesina e a LCP, esta última, a sigla, em homenagem a Luís Carlos Prestes, é a Liga Camponesa dos Pobres.

Resolveram chamar o Mao Tsé Tung de Mao Zedong. E já tem brincalhão falando em Mao Zé Dong. Esses humoristas...

Abração em todos. Quando quiser apareça, em uma reunião espírita, os médiuns já estão sabendo.

domingo, 4 de outubro de 2009

Laura Brandão Poetisa

No princípio do século 20, Laura Brandão (1891-1942) foi uma laureada e conceituada poetisa. Chegou a participar de algumas antologias e publicou quatro pequenos livros.

Admirada por intelectuais da época, Olavo Bilac, em 1913, disse: “Ouvir Laura é ouvir a própria poesia”.

Mas, como tudo nessa vida é impermanente, a jovem, que até então se chamava Laura da Fonseca e Silva casou com Otávio Brandão, histórico militante do PCB – Partido Comunista Brasileiro.

Teve de abandonar o país e refugiou-se na antiga URSS. Laura Brandão está sepultada no Cemitério dos Heróis, em Moscou.

Maiores detalhes o leitor encontra na ótima dissertação de Mestrado de Maria Elena Bernardes, defendida e publicada na Unicamp, 2007, 196 páginas, com o título Laura Brandão: a Invisibilidade Feminina na Política.

- Laura e Otávio tiveram quatro filhas, uma delas, veio morar em Santa Teresa, Rio. Chama-se Dionysa.

- Uma das filhas de Dionysa, Laura, nome em homenagem à avó, faleceu recentemente. Quando adolescente e jovem, Laurinha, como todos a chamavam, freqüentava a Sociedade Budista do Brasil. Laura, a neta, era nossa colega, formada em Letras na UFRJ. Parte de suas cinzas foram espalhadas na Floresta da Tijuca e a outra parte no oceano. Deixou um filho, Rudá.

- A segunda filha de Dionysa, que mora até hoje na Eqüitativa, Santa Teresa, Rio, Marisa Brandão, terminou este ano o doutorado. É militante da Amast - Associação de Moradores e Amigos de Santa Teresa.

sábado, 3 de outubro de 2009

Partidão Fênix

Tal e qual o mito da fênix que renasce das cinzas, eis que o PCB – Partido Comunista Brasileiro está de volta.

De 8 a 12 de outubro de 2009, realiza na ABI – Associação Brasileira de Imprensa, no centro do Rio, o seu XIV Congresso. Saudações aos visitantes, congressistas e convidados.

Hoje o PCB tem 87 anos, mas em 1986, quando completou 64 anos, publiquei a poesia abaixo no então Jornal de Cultura, órgão do Sindicato dos Escritores do RJ. O presidente era José Louzeiro, o vice-presidente era Antonio Houaiss e eu era o suplente de vice-presidente. A ilustração trazia a foice e o martelo dentro de um coração.

25 de Março de 1922

Passa ano, sai ano
E você aí feito tatu
Teimando em existir
Em prol duma igualdade.

Passa passa, passa o tempo
E você aí lutando
Com o sacrifício da vida
Por uma coletividade –
Nação.

Passa o mundo, passa a morte
E só você fica
Passando de homem pra homem
De boca a ouvido
A sonhada Paz de uma Terra melhor.

Passa partido passa
Passa que eu já vi tudo
Você não tem jeito não !
Só mais sessenta anos,
Sempre do lado esquerdo –
Vermelho coração.