quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

A Coisa

poesia de Antonio Carlos Rocha:

pior que uma coisa malfeita
é a autocensura
por não ter feito
uma coisa bem-feita

e o fato de ter feito
uma coisa malfeita
aprende-se depois
a fazê-la bem-feita

não existe coisa perfeita
nem coisa refeita
o que existe é a coisa
direita ou imperfeita.

(tentativa poética a partir da leitura do texto "A Coisa", de Heidegger. A poesia encontra-se na antologia "Universitários: verso & prosa, Letras-UFRJ", José Olympio Editora, 1980).

domingo, 28 de dezembro de 2008

Crítica da Escrita

“Recebi a Crítica da Escrita, do prof. Rogel Samuel. Li-o assim que me chegou às mãos, e achei interessantíssimo o estudo. Fiquei feliz em saber, depois, pelo próprio Rogel, que devo a você a indicação para o recebimento do trabalho. Obrigado pela lembrança amiga. O prof. Rogel parece um homem inteligente, agradável e educado. Pediu-me, por carta, que lhe mandasse endereços de escritores e intelectuais que gostariam de receber seu livro. Já o fiz, com o maior prazer. Espero corresponder-me regularmente com ele, contando, assim, com mais um bom amigo aí no Rio”.

- trecho de uma carta do professor, jornalista e escritor Edmílson Caminha ao jornalista e escritor Antonio Carlos Villaça, em 04/05/1981.

Edmilson, hoje radicado em Brasília, estava em Fortaleza, e de lá escreveu ao Villaça que residia no Rio.

A carta encontra-se no ótimo livro de Caminha, O Monge do Hotel Bela Vista, ed. Thesaurus, 2008, página 49. Uma edição comemorativa dos 80 anos, caso estivesse vivo, do grande ser humano que foi Antonio Carlos Villaça.

Budisticamente falando, Villaça continua vivo ! Não apenas no âmbito da Literatura Brasileira, mas no coração e na mente de todos aqueles que tiveram a felicidade de privar de sua generosa amizade.

A obra de Edmílson Caminha tem 61 cartas que ele e Villaça trocaram, de 1980 a 1991. Mais do que um volume de memórias, O Monge do Hotel Bela Vista é uma aula imperdível, um excelente passeio cultural pelos mais variados nomes de nossa Literatura.

sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Arte e política

“ Ignorar a política é como enterrar a cabeça na areia.

“Gostaria de citar algumas palavras do renomado comediante e cineasta britânico Charlie Chaplin (1889-1977): “Aqueles que ignoram a situação política estão enterrando a cabeça na areia. É preciso ser louco para fazer isso e ignorar a política quando ela é tudo o que importa”. Em outras palavras, não podemos ignorar a política enquanto fizermos parte da sociedade; de fato, devemos manter uma vigilância rigorosa sobre o governo e nossos líderes políticos. Importantes pensadores e ativistas de todo o mundo salientam esse ponto.

“ Para que a democracia prospere, as pessoas precisam se tornar sábias e informadas e monitorar cuidadosamente as ações dos que estão no governo. O sr. Toda (fundador, nos anos 30, do século XX, no Japão, da linhagem budista Sokka Gakkai) era sempre inflexível com relação a não tolerar os abusos que causavam sofrimento às pessoas e nos pediu que lutássemos com toda firmeza contra a natureza maligna da autoridade. Ele também advertiu rigorosamente aqueles que haviam sido eleitos graças ao apoio de seus concidadãos para que nunca se tornassem pretensiosos, arrogantes nem presunçosos. Os políticos que são verdadeiros representantes do povo devem caminhar com o povo e por ele lutar; devem viver e morrer entre o povo – esta era a firme convicção do sr. Toda” (Daisaku Ikeda).”

Fonte: semanário budista Brasil Seikyo, ano 44, nº 1958, 04/10/2008 – http://www.brasilseikyo.com.br/

sábado, 6 de dezembro de 2008

Literatura Espírita Brasileira

Acreditamos que já está na hora de começarmos a pensar no título acima: Literatura Espírita Brasileira, mas também pode ser “Literatura Brasileira com temática Espírita”. Deste modo, o livro, os autores (espírito e médium), os leitores estarão nos proporcionando excelente material para pesquisarmos o vigor da arte literária espírita, suas interpretações, releituras, re-escrituras e afins.

Vez por outra ficamos sabendo que em alguma faculdade, por este imenso Brasil, alguém está defendo uma monografia de graduação, um trabalho de pós-graduação, uma dissertação de mestrado ou tese de doutorado com um tema ligado ao Espiritismo. Eis aí uma boa sugestão de pesquisa: começarmos a catalogar que teses são essas, que trabalhos são esses ? onde foram defendidas ? etc.

No campo da pesquisa acadêmica, é uma investigação longa. Quantos romances espíritas já foram publicados? Quantos contos espíritas já foram lançados ? Quantas peças teatrais já foram escritas, editadas e encenadas ? E temos os autores clássicos, Emmanuel, por exemplo, através da psicografia de Chico Xavier, nos romances Há dois mil anos e 50 anos depois. Temos também os autores novos. Os autores espíritos e os autores médiuns. E as poesias ? e os poetas ? Nessa proposta de estudo, levamos em conta não apenas o conteúdo doutrinário, mas também investimos na análise literária. Temos observado uma gama muito grande de possibilidades para estudarmos de forma criativa (partindo dos pressupostos da Ciência da Literatura) os romances espíritas, os contos, as crônicas, as peças teatrais, as letras de música, as poesias e assim estaremos semeando os textos espíritas no âmbito da Literatura Brasileira.

Podemos então ver em Chico Xavier e outros, não apenas o grande médium e psicógrafo que foi, mas também um grande escritor, um notável romancista, um ótimo contista, um criativo poeta, um brilhante cronista etc.

O assunto é também, um bom tema para a Literatura Comparada, por exemplo: as obras de um determinado autor quando encarnado e as obras desse mesmo autor, já desencarnado.

Verificamos então, que o alcance da Literatura Espírita Brasileira é bem amplo. Fica desde já a sugestão para que estudantes e professores, espíritas ou não, no campo das faculdades de Letras, comecem a pensar e refletir no que escrevemos acima.

A produção editorial espírita no Brasil atualmente é muito boa, grande e significativa. Sem dúvida, merece estudos e pesquisas. Quem concordar, mãos à obra !

(*) Professor de Literatura com mestrado e doutorado em Letras na UFRJ.