sábado, 22 de agosto de 2009

Primórdios da Literatura em Myammar

A literatura da Birmânia, atual nome de Myammar, é uma das mais antigas do sudeste asiático.

O país é cercado a oeste, leste e norte por cadeias de montanhas muito íngremes e inacessíveis, com a Índia, o Tibet e a China. Ao sul tem o oceano índico, caracterizando aquele povo como se vivessem em uma “ilha”.

A História documentada começa no século 8. A língua é tonal, com elementos monossilábicos e faz parte do grupo tibeto-birmanês, sintaticamente bem diferente do antigo chinês.

O rei Anoratha (1004-1077) unificou a nação. Em 1044, aceitando o conselho de um monge, elevou o Budismo à condição de religião oficial, mas tolerava o animismo, o tantrismo budista e a adoração à divindades hindus. Chamou então de Budismo Meridional, em função da geografia do país, é uma espécie de Theravada misturado com os demais credos citados.

Os documentos literários mais antigos remontam ao século 5, eram escritos em folhas de palmeiras misturadas com barro, formando finas placas argilosas. Escavações arqueológicas encontraram inscrições em língua páli e em pyu (o idioma nativo) nas pedras e em tábuas. São trechos conhecidos do Cânon Páli do Budismo Theravada.

Em 1495, o monge Shin Thila-wuntha escreveu, na forma de poesia didática, as 10 Perfeições do Budismo. Em 1495, no mesmo gênero, escreveu a Prece pela Comunidade Budista. A partir daí, outros autores, em geral monges e poucos nobres, escreveram mais poesias didáticas com os temas das vidas pregressas do Buddha que se encontram nos chamados Jatakas.

O teatro popular também se desenvolveu muito, mas dessa vez, só grupos leigos, sem a presença dos monges. Havia uma festa anual, tipo carnaval onde os grupos cantavam e dançavam nas aldeias, faziam procissões com carros de bois, cenas pantomímicas inspiradas na vida do Buddha, algumas de teor solene e sério, outras com toques de irreverência e até ridicularizando o público, lembrando a interação entre palco e platéia.

Com o passar do tempo foram surgindo também, no meio do leigos, cantadores camponeses contando histórias de espíritos, baladas de amor, humorismo refinado, generosa compreensão das fraquezas humanas. Tudo sob as bênçãos e o esplendor do Buddha.

Fonte: História das Literaturas Universais, editora Estampa, Lisboa, 1974.

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