domingo, 22 de fevereiro de 2009

O Deus que gosta de Poesias

Antonio Carlos Rocha*

No próximo ano, 2010, será realizado pela primeira vez no Brasil, simultaneamente em Jandira, SP, e em Brasília, o Festival de Poesias da Oomoto, uma linhagem Xintoísta que está presente em diversos países e, naturalmente, em nosso país, inicialmente através dos imigrantes japoneses e hoje em dia através de muitos brasileiros, sem nenhuma ascendência visível com os nipônicos, a não ser as espirituais que, por enquanto, não temos como provar.

Diz a antiqüíssima lenda que, após abater a “gigantesca serpente diabólica”, o Deus Susanoo, filho do Deus Celestial, ficou triste porque percebeu que ainda, em todos os países, os seres humanos continuavam apegados às mais diversas formas do mal. Então a esposa do Deus Susanoo, chamada Kushinada-hime , fez um tambor e começou a tocar, cantar e dançar para alegrar o marido. Nesse momento, o Deus Susanoo compôs um poema (tanka) que dizia:

“Embora eu tenha destruído o chefe dos maus espíritos, entre todos os países do mundo, ainda existem grandes barreiras, sobre as quais esvoaçam grossas nuvens. Portanto, elimine também essas barreiras e essas nuvens, em favor da paz”.

Estudiosos afirmam que foi nessa ocasião que nasceu a tradicional poesia japonesa chamada tanka, composta de uma única estrofe com cinco versos: a primeira linha com 5 sílabas; a segunda linha com 7 sílabas e assim alternando até o quinto verso.

As informações acima estão na revista Oomoto Internacia, edição bilíngüe, esperanto e português. Os oomotanos estudam, falam, praticam e divulgam o idioma internacional esperanto. Maiores detalhes www.oomotodobrasil.org.br

É bem provável que o nome da cidade de Suzano, no interior paulista, venha desse Deus, visto que os imigrantes japoneses, desde 1908, se espalharam pelos mais diversos pontos do Estado de São Paulo. A explicação para se realizar o Festival em Jandira é porque lá fica a sede nacional da linhagem e em Brasília por ser a capital federal.

No dia do Festival, que será oportunamente divulgado, os praticantes escrevem poemas no estilo tanka (não confundir com haikai que é menor). As poesias são escritas em pequenos papéis e colocadas no altar. Diz a milenar tradição que o Deus Susanoo fica muito feliz, alegre e contente lendo as poesias dos fiéis. Podem ser pedidos, agradecimentos, louvores à paz mundial etc.

Obs.: Respeitamos a grafia oficial da linhagem e escrevemos Deus Susanoo com “d” maiúsculo.

(*) Antonio Carlos Rocha é professor e escritor.

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